Revista da Academia Paraense de Letras 1952

'74 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS No Sena do Esta dual era de ver a f leugma e bom humor com que acudia aos polpes dos pa r lamenta r es oposicion istas. E is com o e x emplo, u m a da s sessões : O Sena dor Antônio L emos : ·'Mas senhores , eu ingrat o para com o Sr. Dr. La uro Sod r é? Hão de desculpar-me declinar nomes : é mistér p or ém, q ue o faça agora. Em ~u e sou ing r a to a Sua Exce lência ? Que favor devo ao Dr . Lauro Sodré ? Estive por– ven tur a a lg uma vez na sua dependê nc ia ? Fui alg um dia seu subord inado ? Ao contr á rio : fu i seu c he fe d uas vezes. A Sua Excia. prestei serviços que nunca deveriam ser esquecidos, e ingrato é q u em esquece tudo isso : q uem esqu ece a quem n unca se a r r edo u de si nas horas mais difíceis do seu govêrno. Quando digo, vou demons tr ar : E u era r edator d' " A Prov íncia do Pará", e aq uêle ilust re moço, estuda nte m ilita r , qua n do vinha ao Pa rã, tinha t rancas as c olunas dêsse ó rgão, no qua l c ola borava , sob a m in hn chefia. E is a í como comecei a prest a r -lhe serviços , n5Q lhe da ndo t.ule nto, mas facilita ndo m e ios , p a ra que os seus talentos br ilhassem numa folha re putada no pais e no est r an– geir o . O Sr. Te otônio d e B rito : Nunca fui che fe de nin gu ém . O Sr. Antônio Lemos: Modes tin agora , quando ninda h :'l pou co Sua Ex cia . disse que e nt rou comp gener a l no r egime republicano . Eu tnmbém nã o quer o ser chefe de n in guém ... pouco . O S r. Te otôn io de Brito : Vossa Excelência é f e ld marecha l do Co rpo de Bomhe iros 1 o Sr. Antônio Lemos : Aceito a pa te nte que me d:'l S ua Excia., como p rovn de seu humorismo . O Sr . Teotônio de B r ito : A sess5o está agitada, e. Vossa Excia irritado, e ra precis o amenizar um O S r . Antônio L emos : Valha-n os , pois o anodino de S ua Excia . Como se vê, o Senador Lemos e r a u m dêsses odve rsãrios q ue nã o per – d em o a prumo na s competições parlamen tares. Irô nico, bonach5o, risonh o, afro ntava com gar bo as sit ua çõe~ diflceis . Depois , a ve ia bem humorado e e q ullibr ad a era como uma couraça às invest idas do r id ículo. VIII O Sena d or era um homem de gostos apurados, segundo o depoimento de Carlos D . F e rnandes. As t r ês h o ra s d a madr uga da, banhado, barbeado de fresco, vestido de branco, n a su a_ r es idê ncia peque na mas apara tosa , começuva a trabalha r. Ao desponta r do dia, de sobre-cas ac a, cartola '"Oe lllon ··, pince-nez escuro com lar ga f1ta preta pend en te , e garde n ia na botoeira, seguia na sua ostentosa carrua – gem, puxada p o r duas vale ntes ég uas normandas , a vL~itar a s obras municl– pnis que nesse tempo e r am sem pre muit:ls . De pois , o d ia era tomado . Desp a – cho n a Inte nd ê ncia , Sessão no Cons elho Municipa l e x ped iente na "A Provincla" a udie ncia púb l~ca, vis ita . ~os hospitais onde e ra pr ovedor , nüo sobrando tempÓ para a ilus tr açao do esp11·1to, e para os gozõs da vida, He cstes 11:Jo cons istissem como cou s ls tiani na s ua illmitada ambiçã o de man do. IX Se não foi um a u tê ntico grego inte lectua l, p ela a 11séncia do re ssaiba de cultura cl:\sslca , que lhe emanasse do esptrito, - pe lo umor das cous°" gran– diosas , da 1,uraLuo~uJo.de, e pr(:fC'r~n cias d~• ver dode:,ru ew1te:la 1 foi de c·e rto, como um c idadm> d e Ate nas , d a é ra a ugusta de P é ri cJ.,~.. . Resta s aber quais :,s curucteris licas que 111alt, predomina r am no se u des– tino ; se o e x age rado omor pe la n ot orieda de q ue avassalou Alcebladee: se a s ua te n dé ,1c ia à in g r atidão das t urbas. ince ntivando até no exílio, a dcdicacr.o tocan te Ar ist.ides . . . X L ogo após os lut uosos aconte c imentos d e 29 de agôs to de 19 12 t endo antes debalde te n t ado reconquistar a s ituação, segui u pnra o Rio, o nde foi r es i– dir em compan hia do seu s obrinho Ar tur Lemos. Mas e ra a penas uma som bra do passa d o . ..

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