Revista da Academia Paraense de Letras 1952
. . llliVIS'rA DA ACADEl\UA PARABNSE DE LETRAS 13 vêrno duas vezes porque êle quís, - mal imag inava o velho cacique, o abis– mo que se ia cava r aos pés da sua influência política . Triunfante. adulado, onipotente, sentindo-se em pleno apogêu d e d e nominação pessoal , não pressen – tia a atmosfera tenebrosa e carregada. que· pouco mais adiante se lhe iria acumula r na estrada da vida. Realmente, os seus novos inimigos, amigos da véspera, beneficiados de õntem, mas cultuadores do novo Sol, começaram com o beneplácito do novo governador, a urdir a ruína, ou melhor, a tramar a queda fragorosa daquêle que, julgando-se invulnerável, desafiava os prenún– cios, da tormenta, co1n a aonfinnça e a bravura de um herói. Mas >l borrasca chegou. Veio, e afogou o prestigio do poUtico até então invencível, num tormentoso lance de tragédia. . No dizer de João Lima. vefüo. jornalista carioca, - a morte do polit1co [01 a sucessiio go vernamental, depois daquele grande período de mando abso– luto. "Antonio Lemos supondo melhor segurar as rédeas do poder, elegera a João Coelho, cria tura suspeita em tudo n a cor e nas a titudes". Com pouco 111ais de um a no, começou o novo governador a conspít·ar contra o chefe do Partido. Entretanto, ashumira o'Governo da República, o Mar echal Hermes, junto ao qual, por ser núlitar, Lauro Sodré, senador pelo Distrito Federal, tinha pres– ug io. Não tardou a aparecer a primeira pedra atirada pelo senador estadual v,rgilio Mendonça. Em tbrno do Governador se foi formando um agrupamento de descontentes con, o veJ.110 paredro, esboçando-se, assim, uma cisão generall– zad". Lemos aleito ao mando d o quero e quero, não se aprecebeu do perigo hnt:dinto, não dando as providências que se impunhan1. "!'aJvez n1esmo as n ao pudesse dar, po1·que no caso, seria d e bôa pohtica, uma aproximação com 1..::iurn Sodré. Mas havia um abismo e ntre .ambos, por isso que ainda sanura– v:11n as feridas aos a1nigos do senador federal, a quem se havia negado nt~ ag ua. Jaime Pombo Br1cio teve o HquMo impedido d e entrar na sua casa_ pelo e ncaname nto. Mais :fàcil foi ao governador João Coelho entrar em ente nd1men- 1U com o velho discipulo de BenJamim Constant. Foi uma época em que o Jvlilita.n smo no Brasil fez vârias depos1Ções de governadores, aoatendo inúme– ras o hgarquías , para implantar outras. A verdade é que J oflo Coelho era o candidato d e Montenegro, a quem convinha rnzer a vontade a fim d e evitar explorações dentro e f ora do paru– oo . Pvr isso, Lemos cedeu, procurando depois conquistá-lo. Era um candidato quase que Jorçado. O seu nome foi ao gover nador, fina lizando uma lista de ires, e o escolnido foi ele. Os outros dois eram An tônio Acata uassú Nunes e Geminia no de Lira Ca~tro. No tempo, porém. do seu podério, o Dr. Zeferino Cândido Jornalista lu~o, que se tez cicerone amigo, quando da estada do Senador .Len:'10s em Lisboa, c<>n t.a o caso t1pico, que passo a referir : ::,egu,am-sc os aois, de carruagem, pela Avenida da Liberdade, na CapJ– tnl Portugu.,,a, em v1s1ta a '!Jta _Personalidade local, e no caminho, o p ollt1co µi.t1'th?n~e ia_ nnrrundo_ as per1pcc1as das co1npct1çôes na su a ter.ra , e cit.avu. os ,nrn11gus 111a1s e ,,carm çados, e a lealdade aos amigos verda d eiros . Zeferino CJ1Jd1do o uvia e nltvacto a conversa do not*vel h on1e 1n de govêrno. D e repente, 1 .,assa _en1 sentido cont.1·u.r10, outr;i v1atu.1·a e, uma noore personagem que neJa 1a, ao avistar o ~enaaor, ergue-se reverente, e cun1prunentou Lemos com o rnais iiro1undo r espe1to. - Ln , :11 um deles, dis se êstc ao seu interlocutor. - l.Jus seus Grandes a,111gos l inuagou o ur . Zeferino. - Nao; ,..-. re.spo,1~eu .º ;:,enador , - dos 1n~u 5 nlais te rríveis adversúrios. u U r. ze,enno (.;anclidu,_ um a os mais 1esteJados rouculários portugue, ..;cs, tc.:rnuno assun n sua na rra tiva : ··_1; qu«:: o ~euaaur .1...t:1110~. te rçando armas na poli tica da sua terra, con\ ho111t:n::» procnunt!ntes e c.usuntos, suuul!, ent.retnf',to consel'var desses antato– n1~ta::, Louo o r espeito e e.')uma que é n1erect:dora a ~ua elt!vada }JersonaJJdade''. VII A verdade porém, é era 1or11uc.tav~l. por esses idos, a campanha de imprensa no Pará _ ..A .1.· 01na do Norte" c.x~rcia nos atos d a ndininistração urna critica lãa ~upcrIor quuntCJ cvn::,tontc, tau c1~nt111t:a quanto ff;! n.na. ' 1-'au,u _.:Maran~a.u, ~OJe o m::uor Jornailsta d o J:Sra»il, nesse tempo, sccretá – ri1,> de rcdaç.iu da • Olha , unicamente armaau <le uma vasta cultur a, pode rosa vrn bOrc~~hca, qut:: ten-1 Mdo .a sua n1eu,ot· ar1na, _ e utn grande acervo de od11.> uo 1~n11s!no, fct. J rerite sozinho a dezenas de intelectua 1 s de 1-enome, assala- 11.tdos, vmdos do su l do pais. A luta 101 tremcno.1, mas foi também um padrão de glórias para a "Folha'' . O Senador Lemos, j:i de regresso cio_Velho Mundo, e da Capital do Pais, u ~t.le .l'er.;u·n .Passos o r"cebera com d1stmçoes excepcionais, _ cm p leno 1r1un.t:o, a~s•~_un atento o e 1nbett(! da::. to~c,;as organizaoas e antagónicas no t~r- 1cno das 1de1as, \porque nas u1·nas era matacuvelJ, _ e contribui~ de vez em quando com u ~ua. uJuda de articulihta experimentado e ardiloso.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0