Revista da Academia Paraense de Letras 1952

70 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS P or êsse tempo era "leader " do Govêr no Feder al na Câ mara dos De – putados o dr. Augusto' Monte negro, paraense, e sobrinho do Dr. Assis . L emos começou então a reíletir que e nb·ara para a política. com dec i– d ida vocação p a ra a Juta. e muitos anos le vou, com o concurso da sua inte li– gência e admi rá veis dotes de iniciativa , a ajudar vá rios políticos pa raen ses, ser vindo de escada a vários dêles, que em muitos casos não passavam de vis– tosos medalhões con sagrados pela voz dos partidos, mas na realidade impro– d u tivos "Pach ecos··. · E êstes, por u 'a mal compreendida Ingra tidão. entendiam que êle. Lemos, era um adventício. esperto de mais. bom par a a j uda r a êles, mas n ão pa ra ajud ar -se a s i próprio, que não tinha êsse direito ! e cerravam fileiras p a ra barra r a s\.ta entrada para a s uprema governança. Foi qua ndo se forjou a lei : "Só será permit ido a parnenses nntos se candldatnrem no cargo de Governncior do Est ado do Pará, e tc .. . ·· Com o um joga dor de Xadrez. que medita sõbre u ma jogada a fazer. contra um r ival t emeroso. êle •conside r ou o foco de intrigas e· ingratidões em q ue consiste u m a r raial político . .. F oi qua ndo, diz um dos demolidores do seu prestigio formidá vel : "Le– mos, j á entrado em a nos. se Insinuou n a polít ica pa raense, com a fereza, n gula, e a cauta prudê ncia traiçoeira de u m felino··. A imagem est á realmente forte, m as em pa r te, é verdad eira. António Lemos, de fato, entra va parn essa nren a de competições qu e na L iber al Democra cia chama-se Politica, e outros, com mais acêrto, chamem P oliticagem , - com as qualidades inusitad as de inato ps icólogo, coragem d es– sassom br ada, a titudes cativantes d e gentleman acolhedor. e uma pe rspic,ícia m u ito acima da vulgaridade . · · É que ê le res olvera, um dia. deixar os outr os de parte, a aj udar-se a si próp r io; e em breve, com a s ua boóm ia , cla r ividê ncia e tra n quila p e rtinácia , se foi assenhoreando aos poucos das pos icões estra tégicas. Chegando a êsse ponto, a surpresa foi geral. Ninguém que r ia acreditar. Quem ? - o Lemos ? ! Era um assombro . É que êle f izera a es'calada do poder , nas tre vas ; pode-se d izer : de noite . Si len cios amen te, sem ala rdes. Por um golpe traiçoeir o ? - Talvez. Mas, sobretudo, por volú pia, por vaidade. Possuidor de Inegáveis dotes do astúcia, sen hor d e uma malícia de Voltaire , e conhecendo. a fundo. o meio em que vivia, embora mais tarde se esquecesse dessas boas regras, r esolveu se r evelar num lan ce teatral, em que principalme n te ficasse firma da a supremacia da sua nova p olítica . n A cousa de u-se assim : Antôn io L emos 'e ra o secretá rio do P a rtid o Republicano Federal no Pará , ra d icado em todo o Brasil, sob a a tuação do Ge neral ;Francis co Glicério. O c hefe do P a rtido do Pará era o d r. J usto Chennont, nome de tradl• ções no E stado . :ts te, por dis plicê ncia . d esinterésse, ou tomado por outros af aze res, e nca• minh ava ao s eu ajudant e todos os I n té nde ntes do Interior, (Prefeitos), qu e vinham a Be lém recebe r ins truções políticas. O caso é dema is sabido: Lemos atenciosamente. sem eniados, ia afagando e satisfazendo aquêles, os quais re• gressavam às suas loca lida des pe rfeita mente lisonjeados e catequizados p elo s u perior talento do secre tário. O Dr . José Paes de Ca r valho era o governador do Es tado, es tando p r ó– x imo o térm ino do seu ma nda to. P a ra o qua triênio seguinte f õra a presentado a cand~datura de J us to Chermont. Éste, porém , linha-se incompa ti9ilizado cm;1 o presidente Campos Sales, alegando Lemos, que êle esta va coloca ndo pessi– mamente os seus correligion ár ios. Como disse, por êsse tempo era --1ead er" do Govêr no da República na Câm ara Federal, o dr. Augus to Mon tenegro, pa r nen se de raro preparo e firmeza de caráte r . Esta porção de casos e situaçõe~. com t.odos os seus contrast es, surgb1 de quando em vez nas cog it ações do secretá rio do P artido, (consciente do seu v a lor e sempre põst o à m ar gem ), como se estivessem pate nte n o ta buleiro de Damas. O caso e ra tentador. Éie que trabalha va, e os outros colhiam os lou ros. De res to, vivia bem. E ra est imad o pelas figuras do Situacionismo, gozando d e incontestá vel pres tígio . Mas Lemos estnvn can sado de figura r em segundo plano. Conqua n to filho de outro Estado, o Mara nhão, acha va -se como bom brasileiro, com di– r eito a as pir a r pos ições de r clêvo, na terra q ue o acolhera, p ois apesar da ida de, s e s entia possu idor de imensos ideais. Então, r esolveu-se. Primeiro se fi rmou com os Intende n tes, com o Governador, e con sultou o Presidente da Re púb lica, tudo secretame nte. Tendo o a póio d êst e, p ropós a Mo nt e n egro a su a e leição à Governança do P a rti, que foi aceita. O golpe estava dado. Quando espe tacula rmente a notícia surgiu, o par– tido c indiu-se. Com Jus to ficaram Cip r iano, L a uro , F irmo, Teotônio, Enées, Ros ado, Moraes, Bite ncour t , Ma rtins P inheir o, e outros gra 11des nomes da po– l1tica p a raense . Com Lemos fican,m a Ba ncada, Lira Cast ro, Acata uassú, Ho-

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