Revista da Academia Paraense de Letras 1952
REVIS'J.'A DA ACAOEM lA PARAENSE DE LETR AS 69 UM CIDADÃO DE ATENAS MURILO MENEZES ANT óNIO LEMOS, bem no inver so da maioria d os mor tais, só a lcançou o fastigio das suas g lórias d epois d e velho, q u ando os ou tros h om en s costu– mam se -retirar da luta, pa ra viver das. record ações do passado. Com êle, as cousas se pnssnrarri de diferente modo. Em moço foL um ignorado e modesto oficial de fazenda, d a Marin h a de G u erra, que andou pelo Paraguai. sempre anônimo, vindo fina lm e n te te r a o Pará, onde estacionou, parecendo-lhe le r e n contrado enfim, a sua terra da promissão . Aliás, s imples pressentimento, porque, d e inicio, ainda n o te m p o d a .Monarq u ia, nndn denun c.iav:1 o seu p or vir radia nte . Mas nas ,;ua~ idas e v indas a pé, para o Arsen a l de Marinha de B elém, pela a ntiga Rua do Espirilo Santo, passava p e la redaçfio d' " O Pelican o" , q ue ficava n ., entllllnn d a Trn". dos F'erre,roa, hoJe. de Alehquer, - onde entabu - lou relações com o seu proprietário, Francisco Cerqueira. . Lemos era rnaçon, e n a su a ..loja" tr avou amizade com o d r. Joaqwm José de Assis , h om e m de fortuns. que er a o dire tor mental do referido pe– r iódico . J5to se dava a í pelo ano de 1870 e tantos, q uando o nosso biogr afad o contava a indn os seu s t .-inlu e poucos m1os, pois n:v;cera em 1843, a 17 de d~zembro . O d 1·. A ssis era um homem de projeção, fazend e iro e radicad o n a p olí– tica local, e roi o pl'i111cii-o 1,l!ssoa que viu no ar bonach ão do seu novo a migo, o espirita llllludo, urtnaclo de multa pruc1ên0111, e senllor de umu p erseve– rança ten az em a lcançar os neus ctesig n1os. Com a Pl'<>pag undn du Abolit;iío, os h orizontes parece q u e se obumbra – vam pum os lnllos do vellio regim e monãrqulco, e ldeaJs rept1bllcanos Iam su r – g indo aqui e a li conlulm1do os polltlcos novos, n a fundação de clubes. Lemos, Assis e Cerqueiro, na 1·ed>1çiio d ' ··o Pelican o", a instãn cins do p rfrneiro, con1cc;n,·on1 n ton1nr posic.-5.o p ara o futuro, saindo dêsses con ciHáb~– Jos :i idéia d a fundação dum jorna l d e grande Cormato, que definisse os ideais d etn o.,rflticos. Essa 110, n folha foi o "Província do Puni.., que se insta lou n a T rav. d o Poss inho, {hoje Campos Soles). mesmo em frente ::\ s u a s ucessora n a a tua lida d e. Quanto afin al veio o se dar u p roclamaçã o da República, Antônio L e m os. merce do seu jornnl, nesse te1·npo, a 111::lior folha diária cio norte do país, - era Já per son:1lidade de p r ól na p olítica da r egião . É que é le, in egàvclmcnlc, tinha perspicácia, talento, se n do possuidor de n ot,:,vcis dot es de declsno, c•mbora que i:sses rossc.m dis farç ados por inulte r:'l- vel bot::mla. - Ao ser Jus to Chermont, convidado pelo Govérno P r ovisório, p a r a gerir os destinos d o novo i,:stado, nessa época d e organização civil da n açilo. L e m os iicou lin teri11am<:nle, co m o o C h ef e do Porüdo Político domin a nte , o Partido Hepu bltcano ·Fe clernl, te ndo saido do seu seio , o no1ne do dr. Lauro Sodré, como can didato a subsl ituto de Jus (o, n o primciI·o perioclo cons t itucion a l d e Govérno do Estotfo . . Ju d u r,une o ~ovêrno de L:iuro, que durou de 1981 a 1897, n sua 111rl.u én- c1a ero deeisiv,, na politicn local, sendo éle o maior arregimentndor de !orças no congr ess o eslacluul. Ju5to Cher1,1ont, se n ão esto u em é rro, ao de,ixa r o seu curto govêrno de um ano \1891). r caa.,umlu u chell:, do panldo dominante. Nele, Lemos ocupavu o tugar de secrcL!t.rio ; 1na..; todo o il~abn lho polilico era seu , entregan– do-lhe Justo 111ala tuda :.1 Lu ,d ..1 t'h:attorul. . De res to, o politit·n pHrcu:misc a p ós o República perman ecia u na e h ar- mon1ca . · Ao l<:rminor Lauro o seu ntancluto, naiuralmuntc, foi indicado e e le ito p:u·n, ª. gestão segu in te, Poe s de Carvalho. outro republican o histórico d e v:il01·. No u ltimo a n o do govérno tfe Poes de Carvalho, o p a rt ido escolhe u o n ome de Justo Chcrmont parn o futuro iiovêrno. . E as cousas cornam a ssim, ótimamente, porque a p r incipa l fôr ça p oll- ttco do i,;;stado tinha a argamassar-lhe a estrutura, e a cimentar-lhe a c oesão , um csp1nto ele lar gas energias e felizes iniciativas, encarn ado na Iibratura moral d o secretllrio do Partido . . ~bse int<>rim, Justo Chermonl, o candidato a governador, q ue h aviu ~•do 1 m nis tro cio Exterior ,10 govo,rno Campos Soles, rompe com êste, e man – con1unado c. 1 0111 o deputnclo Cussic1no do Nasci111enlo, ul::>r c no Congresso f orte campanh a contra O polllica íinom•L•it·a do pres idente dtl Repu blica . - \
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