Revista da Academia Paraense de Letras 1952
REVISTA DA ·ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS '!sra :i hora em que já sobre o íe110 das eir:is dormia quieto e ma nso o impúvido lebréu. Vinham-nos da montanha as canções das ceifeiros, e a Luo b ronca, além, por entre as oliveirns, como :i a lma do justo ia em triunfo ao céu ... E. mãos postas. ':lo pé do a ltar do teu regaço. vendo a Lua subir, muda, a lumiando o espaço, eu balbuciava a minha infantil oração, pedindo a Deus que esltl no azul do firmamento que inandasse un1 aliv io o cada sofrimento. que mandasse un1a eslr~ln a cada escuridão. 1-'or todos e u orava e por todos pedia. Pelos mortos no hotTor da terra négra e fr ia, por todas :is paixões e por tôdas as máguas ... pelos míseros que e ntre os uivos das proeelas vão em noites sem Lua e num barco sem vel:is errantes através.do turbilhão das águas. O meu coraçlio puro, imaculado e- santo, la ao trono ·tle üeus pedir, como airtda vai, parn toda a nudez o pano do seu manto, pa ro toda a miséria o orvalho do seu pranto e pura todo o c rime o seu perdão de pai ... A m iuha mae taltou-me era e u pequenino, mas da sua piédade o fulgor d iamantino ficou sen1pre abe nçoando a m in ha vida Jnteira. co1no junto du1n leão uni sorriso divino, corno sõbre unia Corça um ramo de o liveira_. 7 í:ste cânlico {tue acabamos de repetir, os críticos niio con si_d,e~~dos 0 ~~ Justiça, como ,..,ndo a súmula que 1·ecorda tôdas as s:rndades r 1 1t:1 1s . c mos .groúas ,1s memorias de _tô~os as m ães. 'l'odos nós, principalmente Jat1 ? 1 ~ 5 • 1 teuéle a cXpt!ric ncia de u1n a 1níancin santificada pela t...?rnura n1aternn. E 8 1 · e ºinha que teve a desgruça de ~ão conhecer essa supre1nn ventura que uos nconip ~ no caminho úspero d!3 vida p~ra nos amar.. abençoar e alento1·.. do sua Gue rra Junqueiro ttnha apenas três anos, como já Io1 dito. quon oliza– m,-,e morreu . A ps1colo;,:ia moderna j á admite o r econhec,menl<! e 11 1 ?c pri– ('UO n1ais ou 1nenos per1e1to de re1n.iniscências originadas dos dçus. ou ~~s Obe– meiros anos da in fâ ncia. É passivei que algumas vezes interfira a ian_tas;a, psi– deccndo a fôrça emotivas d:is recordações das nossas próprias t<>ndenc os quicas. - bucó- 0 prôpl'io poeta gravou pal'a sempre na sua a lma infantil as ilusoes hcas ao ~cu Jor quando, verseJo.rido, escreve : "As almas infantis são brandas como a neve. São pérolas de leite em urnas vir ginais : tudo quanto se agrava e quauto ali se escreve crist:ihz.1 cm seguida, e nao se apaga m ais. d . . . . . . . node rna são os No setor pe agog1co, os pr1nc1p1os aceitos pela ps1colog1n 1 . . d d everia mesmos. A uma_ senhora que pergunta,·a. à um méd ico em que ,d.l ~o . "que ln1c10r a cducaçao_ d«, sei}_ ,Jilhinho. re?pondeu-Jhe o m édico. pe1:gu~tn~ m ~dico : 1dode tcn1 v •seu ! dh1nho '/ 3 nnos, disse a senhora, - e retorquiu_., .. 1 corre e nt.áo j/l pcrd.;u 3 anos", clandc, a <>nte nder que a ecluea<;~ío tle uma c, ,.rnç. p:nelhns com o s-,u próprio nascimento. 1 ·tos t ão A µisc-snuhse co1n precnoe 1nuHo bcin t!ste.s eusina rnentos de e_e .1 sentir complexos_ no e,·oluir da vida huma na. Mais ad iante, teremo~ de ver 11 ~ 0 i'.al. do a 1111 luc ncw 1ntens1va que exerceu Dona Ana nn torinaçoo esp1ritu~I e tê o mo– L,llllo~o po'7!ta portugues, aco1npanhando-o atrav~s da sua o,gitod~ vi~a li 8 . 90 n:ío menu, uo repouso 11nn1 efn que, ns:;alt.ado ainda pelo últin1a crise 1e gio i;Jtan– m:us puder,i ocultar a eclucaçiio calolica de sua infância. daquela me5ma eia cm qui, "ajoelhava orando". GUERRA JUN~UEIRO. p1·otciforme . , éctos. Guerrn Jun_quc:'1ro ~ode ser _apreciado sob os mais variados IISP ela se A s ua poesia e Uucohcn, ó hricn, é satiricn é humori~t.a, 1!1~s. no JJO ' í'nccrr::i tamhém o pe nsador, o políttco, 0 agricultor, 0 revoluc1onarlo. lh "ce cio A PATRIA E OS SIMPLES silo os seus melhores livr os. A Ve J~rluade PADRE ETERNO e n Morte de D. João é qne lhe grangearam a popu esco– qu,, iiozou durantc tõda a sua vida. São livros que valem pelos tênws nte do l!11dos, em que os cp1s6d1os se impõe por si mesmos, e inclependenteme ne..xo que une uns ao!> outros . .Jn11q1.w1ro odJnite o valor dn té, J 1 las solidarizada con1 n Hnzão: _ ~~:- . E um diu a l)umanidade lllteit·a oceano em colma, ha de ~nzcr nn t,nesina :ispit•a1.::lo 'e unida da r::iwo e da fc o~ dois olhos da tllma.'. •·• , ·rõ PAR Á uo Pará
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