Revista da Academia Paraense de Letras 1952

r /. REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 63 p;,;,~o· i~.;..;p.; 'ci~p~;'s'. · .;;1i.~; ·p; 1i-.'o'ç'a'.. .. .. . .. ... . . ... . ... . ..... .. . . . Outr os galos cantando. a marlscar, O fumo. a mandioca, o milho, a r oça E numa noite csple ndida de lua Uma viola de. ouro a pontilha r . E a "mon taria" flutua , Pres a a um espcoue. ao limiar da ponte, Como um velho caimão a descança1· 1 Sôbr e Paula Ba rros, escreveu J oão Ribeiro: - "Não é t odavfa, um india– nista á maneira da escola pau lista do "v.crdo e amarelo'' e antes parece um con– t inuador d a poesia ;miericana c c Gonçalves Dias. t , a tôdas as l uzes. um poeta que aj unta aos seus talentos de pintor e de paisagis ta o dom da poesia Inspirada por um são oocionaHsmo." E e ntre criticas liter árias de Sllv.1 Ramos. Sud Mennuci, Scverin,1 Silva, Povina Cavalca nti e ou– tros, cito aquelas palavras que sõbrc P aula Barr os profe riu VUlaespesa cm 1931 : "Paula Barros és un poeta vcrdaderamente amazónico . p or la riquc7.a fabulosa de color. de lu7. y de dibujo. Y por su imprevis ta ~• d esconcertante orquestacion verba l" . .. E acrcsccntA que muitos poesias de Paula Barros Possuem uma em o– ção "tan p ura. ton suave, tan intima. que no solo nos con,uevc sino q ue nos es– claviza". Agora da pequena a nálise da poesia de Paula Barros, passemos para o .elogio do poeta Frederico Rhossard. FREDERICO RHOSSARD Como s íntese de seu modo de ver as coisas da vida. acred ito que sua per – sonalidade se encerra ou se salienta na verdade des ta expressão - u m poeta que foi boémio e um boêmio que foi poeta. Foi outras coisas. é cer to. vive u de outras maneiras, é verdade mas, q ua ndo· nos lembrámos de que houve um poe ta de nome F rede_rico Rhossard.' gos lembrámos ao mesmo tempo de q ue hou\'e um boêmio con1 esse n1esmo nome . . . Eus táq uio de Azevedo, sentimental e intimo his toriador da literatura pa– raense. em um longo capitulo dedicado n FredePico Rhossard. escreveu estas pala – v ras : "Eu não o lame nto. da mesma forma por que não posso lamentar o roux inol q ue morre en clausurado. Ambos foram desgraçados na vidn : - ao roux inol, par a ser feliz. faltava a liberdade pt,rdida ; ao poeta, para ser \'en turoso. faltava o seu amôr pr imeiro" ! ... Daqui se conclui que como quase todos os poetas Rhossard teve a ingen uidade de ser um poeta do Amór. E c,omo boémio, domi~ado P':_la~ ~-!'cunstâncias da época, teve todos os de- feitos e virtudes d os verdadeir os boem10s ..·. . Na semi-em briaguez, na liberdade, nos passeios aventureiros. dentro da noi– te. frequentava todos os lugares, tinha ;imigos e inin'iigos, ama va e para c rist allz~– çiio de sua emotividade. não e ra amado. - .Eis a face do destino de um b <,:'êmio q ue nasceu a 23 de junho de J 868 e morreu na manhã déste sécu lo, a 16 de Junho de 1900, por tanto com 32 anos de idade. . Quando êle chegou na idade e'!' qut, o homem se apodera do mais a lto gr au de capacidade intelecti1al. como disse amda Eustáquio de Azevedo nuns ver– sos à sua memória : "A m5o da morte. descarnada e fria Subitamente as pólpeb,ras lhe chumba 1.. . . Esta explicação tem relaç5o .d~reta com_a possível falta de profun d ida?e es– sencial em s ua poesia. E para a cri_tica que n~,o nce1ta como poesia vcrd_ade1ra ou ve rdadpfra poes ia a realização poét!ca de ~ertos _momentos psicológicos ttdos com.o v ulga res . dcve1'nôs lembrar que a_ idade e o 1ne10 , por exemplo, são fa tores r ea1~ que cerceiam ou libe rtam o espinlo humano. E de~sa prisão ou d essa li berdade e q ~ e nasce a poesia. F red('r ico Rho?sard pelo que conheço de sua essencia p oe~ica, foi um d esses escravos do seu p rop_no erro csp1rltunl: ê rro de uma geraçao, erro de um povo. r rro de um mundo . .. Erro de um mu ndo. s im ! P orque os mo~e,ntos agitados dos últimos anos da século possa.do ernm o grito doloroso e form1dovel, embrulhado na esper13nça de u1~ _século fehz. P or tudo isso e u creio que não p ode– mos fa la r em m ediocridade poe t1ca. quando esquecemos de olh ar e sentir a alma que nos t ra nsmitiu essa poesia. E c u cre_i<> q_ut' ninguém contes ta que a realização poét icn vulgnr é muito di ferc ntC' da rrah2ncao poética das coisas vul~ar cs . .. Deixemos porém. de explicações dcmorndas e ouçamos O Frederico Rh'!s~ard como o conheceram os seu~ contemportmeos ,- melrific:mdo olexand r inos, on gmn– Jíssimo segundo uns o disc1pulo de Hur.o e n c11ud<'l11ire, ~egundo outros,

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