Revista da Academia Paraense de Letras 1952

62 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Ah ! Quem a viu pas~ar Jent.an1e_n~e. nos êrros E a segui-la os espetros dos colencos . A co n torcer-se em d ór , no fundo das carreta~ ou levados à mão, sôbre macas de couro !" E o poeta continua : "Mas t1m dia de s ol ! Tudo pára exaurido 1 O chão é uma crate_ra ! Sopro de forja, o vento ! . Nem um p io n o arvoredo ! Retorcid as Caein a o i-nor1naço, as fo lhas an1nr e1as . .. ressequidas . .. Atiram-se. por terr a. os bols ! Os cava los s uc umbem , o fantasm a da pes te. cad;t ve z mais crue l. à Coluna se a peg a. i,; quando o inimigo andaz - audaz e valoroso. Lança o fogo no campo, incendeia a macega ! Sopra o vento ! A labareda c r esce numa da nç a in fernal de serpent ina-; O brazido fumega ! Vcr;-tam-se num estertor de m ártires na arena. Os troncos e as galha das ! .. . Deita o gado a fugir no estouro das boiadas . Surgem de tôda parte as e-obr as e os bezouros . E o fumo abrazador como rolos de chumbo. P ésa e abafa. asfixia. m ata de ang ústia e cega t,. E o poeta realista acrescenta líricamente : Por fim as sombras piedosas [loucas . c·obrem no campo os corpos mutilados . .. Há perfumes de lírios brancos , embalsamando êsse horto de dôr ! . . . De rada lábio que fcnece Sobe, ao alto uma prece Ou um ,·iva ao Brasil - ou um viva ao Imperador ! Abre-se a no ite ! Um luar a~ourento, avermelha do. Como o luar d :as sextas-reira5 santas. desce e m s udário O cé u é uma Verónica de Cris to. já quasi morto. e xang ue. Ch orandQ a o _ver na te rra lasgas poças de sangue ! Arde . ainda o fumo que vem dos fogareus extintos . PQnclo iebres de sêde à boca dos s edentos E um slrustro rubor nos o lhos dos famjntos. E finaliza ndo. o poema. sentindo a Coluna cm movimento. exclama · É a Coluna q ue va i pela noite estrelada .. Ganhando. a cada p::sso, a g lória d e um trQféu- Na :,s ccmsão d e quem sóbe a Deu5_ rte as tro em Mtro. Pensando no nra~n ! De o lhos fito3 no céu ! Ai o poeta Paula Ba rros na poes ia he róica . . Ao ui irem•Js e ncontrá -lo nn poesia re"liona lis ta, ou m e lhor._na pi1üura da poesia de p·aisa gem amazônica Ac r'ê dH.o-o mais f:SJ?Ontane~ e emotivo nesta seg_unda fe ição de seu t emperamento _poe– tico .Co1no ep1co. creio-o um pouco pros;nco e F;into nicsmo que o riue 1na1s c:e e leva d e seu p oe m a " Laguna". é o que d e lirismo l le c-ncerra. Ná<:> nc r.o o valor de ~eu p oe m a . a pe nas. não o ace ito como p lenitude d e pocsi:, épica . Corno lírico re~ionaUs ta êle surge con, over,lc e s incrro qua ndo descreve a Ench e nte 113 A m a zõ11ia : " Trem eu, os espeque<; da palhoc.·a. Cho ra de 111edo urna criança . E o ve lho pai olh•rndo a criação e a roc:;1. Tl'n, um mome nto de dcsespcranc-a . . E a "mon tl'r ia" flutt:a P r es:, e um espe que. ao lhnia r da po n te, N a r,t,cla n oite csplc ndidR d e lua ! A o \' ir d o s o l, N um ade us d e a n g ús tia e máqua e de sAud:,de. F ugindo à che io pe lo i~a rapé- -Aquela gent e perde tudo - a l<'rra . a h<:'rdadc $6 nã o p C'nif' n fé 1 •

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