Revista da Academia Paraense de Letras 1952

6 " REVISTA DA ACAI>EMIA PARAENSE DE Lt:-rRAS braços hirt_os de _dor, chama".am-,:io. J amais ! Não voltaria mais ! . . . oh, Jamais. . . nunca mais ! . . , E a barquinha, galgando a vastidão imensa, ia como en·cantada e levada s uspensa para a quimera astral , a músicas de Orfe us . O seu rumo era a luz, seu pil6to era Deus ? Ao ouvirmos êstes belos versos, nos vêm instintivamente à memória o episódio do Velho do Restelo, entre O!< niais notnvcis d' "Os Lus i::tdas", pelo seu s ignificado histórico. A natural ligaçii.o das d uas obras - A PATRIA E OS LUSIADAS, faz-nos tomn-las como dois monumentos racicos. definidores da a lma portuguesa mar– cando ambos wna conlinuidade admirável não s6 da alma lusitana mas tam– boém da gloriosa tradição de seu povo, que é o mais justificado orgulho de sua bela vontade de existir. O estilo e a linguagem de Guerra J unqueiro são de grande s implicidade e de uma cla reza cristalina, duas virtudes inseparáveis da beleza clássica. Dos escritores franceses, talvez o que mais ha,ia influido no estilo jun– queri:mo fosse Victor Hugo . Com efeito o tom estilitico de Victor Hugo adap– tava-se á épica moderna-combatível e revoluclon,,r i:l, - como o tom esteli– tico - de Camões se adaptara à (,pica quinhe ntisfa. Aliás, do gr upo dos cinco, cognominados os "VENCIDOS", Ramalho Or– tigão. Eça de Queiroz, Ant<,ro de Quental. Ollve(l'a Ma rtins e Guerl'a Junqueiro, é t'.!stc um dos menos atre1tos ,) fronccs,a. motivo p.ilo qual, o consideramos sem favor e sem dcsd9u ro, ~m dos maiores _clássico~ ~a língua portuguesa, par~ n ão o c hama rmos, tah'ez cv1tando um conceito prec1p1tado "O mais português dos poetas portuguese~". ' AS ORIGENS DE GUERRA JUNQUEIRO Guerra Junquei t·o nasceu em Freixo de Espnd.<1 .i Cinta. Traz os Mon tes a 17 de setembro de 1850. Foram seus pai.s, o abastado lavrador Josí, Antônio Junqueiro Júnior e 0 Sra. Dona Ana 9ue rra. Doi:a Ana. faleceu uando o poeta contava apena 3 anos de idade ._ Este fa to teria ~e 111flu1r podcr'os:imc nte sóbrc a g rande e 1 5 viela do imortal bardo portugues. 0 naa Bas ta adve rtimos q ue, -cm 1868 - e tinha o poeta ape nas 18 ano . publicado o seu primeiro poemeto O BATISMO DO AMOH que causou / sa t u impre,;,;ão no m eio liter ário de sua é poca, pois vlnh11 prefaciado'pelo jt,mg 1 u 1 ir ficado literato. e não menos famoso, Camilo Castelo Branco. C: or - J :\. nesse p oema, Junqueiro (az ressoar as cordas da tir11 JUn ue· . 1 fila ntrópica que mais tarde haveria, de revelar. com tuna fisionomi~ ~ 1 ftna e prcssiva !? impressionante. É quando diz: 01s ex- Nfio posso ver chorar u1na criança ; :vrà is me pesa não v~do seio amigo Que lhe enxugue seu pranto ... Mais t arde. \'c remos o têma da c rianc;-a órféi jti ncrescirlo ao têma do sofrimento que se apaga na orgi", retomado nn "!1101•tc- de D . ,Tofio" : Assim vivera também a crinnça cfesditos:i que cu,· noite 111á, tenebrosa, -ticnrn scn1 p;..1i ncn1 1nãe ; ó magras cortezlis d'olhar felino, impuro, ;6 ·~65 · ~~. ~õ~~~i.{i~: ·~· ,t;o",.;;trO~. Qu"e· 'r"ti . âciô; o: ·· 6 meus v1cios cruc,i1J, ú meus crucis u 11, i1•0~ ! O t Jma d:l orf11ndarle lhe hrotor,j e retomn o olmn a cndo posso eY..er– cendo a n atural influ~ncín clí' rle_,nentoe co11c·o1-r~ntt":. qu.-. •,{' ot)re:;en tam (;ob diferentP.s OhJ)cc.:tOF clt. 1 spc1 t:intlo tenun1<:•nof c.,,ut• pnr,•i:en1 J::t~cr i_n conscte nler. para , t> deix:ircin dc.•~p~~t:lr r,(•lo _c.• t 11nulo cJ . u1un . UL<f~, t:io l1lôinrntJnrn. "' Gucrru J unC1ut.•1ro. cnn1 crc,tu, uJ'ionnra cn11 1d:.tcJe l1lutlo tc-ni·n. Mas, doH três nnos , ivido!. ª':' cont:wio i1ncd1::tlo dt, seio 1natt·ruo conservo remi11iscJnci_as snudoso~. traclu7tdai; cm Vt'rso, qui: nao "' r,nde IPr hem 1>r"o: funda emo(.'t10 : Minho m,,c. minha m i,e ! ni que snurlnde imensn do wn,po e111 que ajodha v~,. or:_u1clu, no pc de tt. Cnia ,nnnsn n noite: u~ o ndonnltmi ªº" r,nre! cru.1nvnr11•!-c voando e111 turno d<.u fiCus tnreq, suspensos do beiral d., c::i ,11 cm que e u ·nMci.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0