Revista da Academia Paraense de Letras 1952

56 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Sua poesia adquire mais vida. Toma parte nas agitações patrióticas ali desenroladas. Por essa época o grande Castro Alves assombrava a Veneza brasileira com os seus cantos marciais, com o arroubo de seu s versos cande ntes. Penetra ele um m undo novo, sente-lhe os efeitos, participa di!sse turbilhão envolvente de idéias. de atds P gestos patrióticos. Assim é que canto "le o fato da nbertur::i do Amazõnas ao comércio de todos os povos, exaltando a grande7.a do Rio ;,.,1ar, predizendô-lhe um futuro deslumbrador. Recita ao Corpo Acadêmico, pela queda de Humnitá, estrofes vulcanicas, tão pa tr ióticas, tão fortes. vibraleis, como as que compunha o grande Castro Alves. Que sopro é este deliroso, ardente, que sobre as multidões passa fremente Como a voz dos tu fões ? Que voz desperta o cavo som das matas e se alonga ao fragor das cataratas nos écos d_os sertões ? Que longo hosana que o civismo aclama de mil lábios convulso se derrama pela eterna amplidão ? Como a orquestra febril da tempestade do seio alvoraçado da cidade ro1npe itncnsa ovação. :i;; do Brasil o povo, que se alteia a nte o triunfo esplendido da idéia da paz e redenção ; • É da vi tória o brilho que desponta lustrando os laivos da irrogada ::ifronta do nosso pavilbão. -r;,·ci~ . ~~ci~ ·,. é;,.; . ~á~c-há .á~à~ié ......... . nossas falanges lá vão ; das náus á quilha pujante as cadeias vimes são. Desdenha a esquadra brios.i a golfada pavorosa do fogo de cem canhões; Maurití luta com a morte, mas no passo horrendo - o forte vence os mavorcios canhões. E agora espectro cxeci·ado da hidra que a li viveu recorda ao mundo assombrado, que o Brasil foi que o venceu ! P etreo leão que dormita, das fauces jã -não vomita contra nós môrte o terror; que sobre o dorso domado folga às auras desfraldado, nosso pendão bicolor Nesse seu liv1·0, como se vê, o poeta não foi inteimmente subjetivo, não •e ocupou sómente do seu eu ; teve olhos poro compr-eencler e tr::iduzir a vida que à sua rod::i palpitava. Chegamos, enfim. ao veio de ouro do poeta, ilsse lilão inexoravel de belez.1~ harmônica~ e de id{•ias en,·olvidas nos clamidcs brilhantes de sun ima- 3inac5o. Refiro-me ao seu livro inédito: ONDAS SONORAS. Amou o poeta. encontrou o S('U ideal. mos com quanta dellcade7.a cantou :i _sun perf~i~iio e os seus e_ncanto:;. 11:Jo l"!il uma aresta, uma fr::ise que niio seJ3 uma f1llgrona, um:i tess1tur:i dP. melodias contantes, uma poesia verdadei– ramente humana, mostrando o su::i alma como rola era, pc,rfcila nos seus predi– cados de pureza e bondade. Exal~a e dignificu tanto a sua amada. qu<, a torna uma criação de ae1,1 ideal, que a julga um::i felicidade in::itingivel.

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