Revista da Academia Paraense de Letras 1952

REVISTA. DA ACADEMlA PARAENSE DE LETRAS Murcha em breve, e desfolhada em pranto amargo se fina, que o beija-flor inconstante foi amar outra bonina. Assim, donzelas incautas temei a sorte da flôr, não creiais como essa louca nas doces vozes do amor. Podem almas pervertidas prometer muita paixão dizer - amor - só nos lãbios sem sentir no coração. Flores sois e se um m á u vento soprar-vos 'n ·atma algum dia vei-els murchar-se a beleza a graça e a louçania. Ponde pois muito cuidado na sedução dos amores, vós sois as rosas singelas, e os homens os beija-flores. 55 O seu temperamento. 3 sua organização psíquica eram de tal modo s"!scep– t,veis de receber as menores impressões exteriores e criar, e ideal1zar sentunen– tos que a outrem poderiom parecer paradoxais. Nota-se isso quando êle ua meninice, aos 14 anos, j á sentia saudade* de sua intancia, de ntro da qual a\nda estava vivendo . Dizia éle: Ah I tempos de minha infâ ncia, risonhos tempos de outr'ora, arrebóres, cantos de aurora, porque out ra vez não voltais ? Mas cm vão I que a sorte austera mirrou da inJãnc ia a quime ra, e as flores da p rimavera não n1ais abrirão. não mais. C:antou êle o despont,ir das auroras tropicais e os crepu,culos bizarros na sua orgia de .cores, na sua imponente beleza de contrastes. Incentivou com se~s hmos pa trióticos o 2 . 0 Grupo de Voluntãrios paraenses ao partir pa ra a gueria do Paraguai •. Chorou em sentido carmes a morte de Gonçalves Dias; e cant9u a morte he roica do a lferes paraense Florê ncio de Miranda . Era um bravo, e morre u como soldado, entr o, os ign1>0s granizos da metralha, tendo na dextra o gladio levantado, tendo por Jeito o campo de bat alha. Cantou ~cu s amores . Mais ieleali7.oU elo que os sentiu. Nos seus versos ele amor ressumb1·a o ehtonteamcnto dos que fitam uma luz inte nsa, dos que pe11etr:1m um mundo desconhecido, dos que temen, alguma cousa q ue os ap~Vº!ª· mas nao sa!lem o que seja . Aspira. mas teme. Quer, mas receia . Não exter1or1~ o que de v10l«:_nto vai pela sua alma. Recale~ os seus sentidos, sob o predominio de sua educaçao c ristã e familiar. Nele dominam, sote rrando suas paixões, a de– licadeza e " rnoralid,.de que o berço lhe transmitiu. A intranquilidade de espírito, a vaci)aç5o. o amo1· eterno, platônico, por um _ser ~roduzido pela sua imaginação J?Oderos!l, ~ons tituerrt O traço sali_ente de se1=1s versos escn tos aqu i. no Paril. no 1ne10 prov1nc1ano, dentro dêsse ambiente de co1sAs comuns e conhPcid:,s . De 1867 em diante ao contacto com a vida estonteante de Recife, onde uma brilha nte mocidocle 'se ag itava na :rnsia de conhecimentos. de liberdade. mensae;e,ro~ de idl.ias novas, Sa n L~ He lena Mogno tra11sfor1nbu-se.

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