Revista da Academia Paraense de Letras 1952

54 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE' DE LETRAS ··No tugm-io do pobre onde a miséria deixa entrever o quadro horripila nte do seu furor, ali está a minha Muda : também sente pungir-lhe o coração o ai carpido de alheia dor. a vós ávaros, que em cerrados cofres no fastígio da glóri11 e da grandeza, que , em lautas mesas . dissipando o ouro, negais o pão ã misera indigência ; a vós ávaros, que em ce rrados cofres O dinheiro guardando, viveis em duros, pe renais cuidados, surdos á vós da fome e da miséria ; a vós ergo o meu canto, a vós o grito que a verdade levanta troadora, e que na consciência ha de ecoar-vos com fragor horrendo ! Embalde fechareis vossos ouvidos Do lateg'o pungente do remorso não vos ha de livra r ouro ou nobreza ! O diálogo entre o befja-flor e a rosa, escrito aos 15 anos, é uma poesia delicad:i, de uma suavidade e nte rnecedora lembrando C:impoamor nas s uas me– lhorH poesias liricas ! Ouçamo-lo: Se me dás, ó linda rosa teu perfume e teu amor, e u dou-te em paga mil beijos, serei t eu firme amador. - De teus beijos nlio preciso não quero ser t ua amante.; te u amor nunca é seguro Sempre és vãrio e inconstante Se hoje por aqui adejas a p edir os meus amores amanhã vais mais distante vais beijar as outras flores. - Ciume ! não tenhas, bela 1 Ha muitas flores assim ? Nem todns t êm teu pe rfumf' .e nenhuma teu setim. E se deixas que eu respiro teu perfume encantador dar-te-ei em paga mil beijos e os meus carinhos de amor. ., - Se em mim amas a beleza e perfume e graça e côr, se,·á amôr de um só dia inconstante beija-flor 1 Só dar-te-ei meu perfume e a minha fronte a beijar, •e depois de desfolhada prometeres - m'inda amar . - Nada temas, minha rosa. dá-me, dá-me o teu amôr : mesmo sem cõr n em perfume serei teu firme amador. Pobre rlorzinha ! c uidava nuo se poder encobrir em palnvras tão s uaves o miis nstuto mentiç H

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