Revista da Academia Paraense de Letras 1952

46 REVIST A DA ACADEMIA PARAE~SE DE LETRAS cama. E a mulher, mortificada. r epel}da. como m ulher_. volt11-sc, descurada a alma. pnra o corpo. ., ahsa-o, perfuma-o. D!nta-o. i us– tra-o. cobre-o de cosméticos, enfeita-!'<' rom extravagân cia, _ve!'te-o e d espe-o provocantemente. enamorada de si mesma. n ols nao pode mais. nmar os outros. E êstes outros deixam-se e nfe itiçar pcl? seu e ncanto fi.sico. com êle apazi guam n'3s horas livres uma sêde sofrel!n de gôzo e. dela. mulher, só vêem isto · os olhos p intados de p r_Pto, as unhas de p rata ou de coral. a axila limpa. o ven tre cha to_ e :Í; 1<}0. o sex<' infecu ndo: o coração n ão, não tem impor t!in cia : a intelil!cn– cia n iío, aborrece ; o sonho não, pieguice romântica". Hnmilhada. reduzida a simples complemento sexual. caracterizando os !-<lnhos com p, o int uras do deboche. sabendn-sc maté1·ia e niio expr cssiín <lt' vida - a mulher, ponto de apóio da a rte. debate-se em con torções impressio – n a n tes. assistindo :\ investida d,i impudência e do imoral, que se refle tirá em seu destino como praga e como vilania. No seu livro " A saudade brasileirn", umn rias l?l'andes obr;1s do imorta l último ocnnan te de minha cailrira. Osvaldo Orico deixa bem viva a id entifica– ,;-ão da PAiavra amor com a D'll'lvr'I saudadP. Eu jfl creio. de m inha pa rte. que a saudade seia uma conseCJtJÍ''1eia dolorosa do amor. pela mesm a razão o or que a firmo. convicto como nunc,i ctue o amor - o amor Que é o próprio De us em nnsso cor:'lc5o. "o amor bntiln aocna~ entreab~rto que perfum~ o d egredo e i111mina o deserto" - {> a raziio de ser da <1r tP. hem como o !'0frimento. n com– plemrnto e a seiva animadora e criad ora de tõdns as irrandcs m anifestações do esp írito h umano. É paloâvel. é scnsivpl o desaoarecimcnto d'I noesia onde eln d evia ser a luz J?lorificador'I. O sofrimento. creiq às veze.s. alnitiu um t al ponto de exte n– são que lcvA os homens ao dcsvá r io e às blasfêmias. Tira-se da vida o encanto que ela t"m num insulto sem classificação ao Destino. MULHER. PRlNCiPTO GENETR I Z DA ARTE Mas é imoo•sivPI e inaceitável a artç sem n Mulher. Nenhum idc>al r-u bsiqte sPm n influência e a fõr<;n l!loriflcadora do amor. A arte é a rcvrln– ciío subl ime dêsse sentimento que cnohr<'cc ou desl!racn. Todo sofr imento t em oril!cm no amor. O amor. con~en11Pnteme,nte. é o ventre d:1s belc?a~ supe rio– res C' o alimento da :ilm'I . ll: a m•Jlher a ver d:1dc única da arte. Sem ela n ifo existirá Jamais a cxaltacõo e essa :\n~ia incontid~ e sc•mo rc crescente de s ubir. de vcnccr e de sofrer. Expres,<ão real de uma bele?a infinitn. a mullicr r evela. cm tõ<:1as as fas_es de , UA vidn. umn de~tncada inclinaciío parn o impond er ável e o etereo. É a 1maF.em do Sonho. O aspecto do devanc>lo. O panor amn da ilusão . seme,idora do mal pela dcs•!raça que _semeia nns bpi_io, e nas J:it:rimas. t e ndo 110 olhar a luz c•ue lf!sp1ra e. nos l~b•os o ,·enc_no que encoraja, (:> 0 s ím bolo da a r te porque a art1stn malS sublime do sofrimento huma no. Sile nciosa n « desilusão. agressiva na certeza cio amor q ue Inspira ou possui. é um e te rno motivo de psplendor a _despcrtnr a nll_ll':' .para ns rrrnndcs lutns da espiriluali– d:1dP Se de alma emotiva. •e de SC'ns1luh ~adc d_esc!"voh-idn. ~apaz de fazer d o sofrimento um estimulo do sonho. se de lf!tell1:o~c1a apurad:, e sentime ntal. constit ui, por certo e para sempre. n própria q1zao de ser de uma verdade artística. E se perpetua na. Arte e se_ C'tcrnlza n,i nlma do artis ta. Êxtase da alma. poesia '!os scnhdcs. e_xalta<'!io do sentimC'nto. é a mulher. st'm dúvida e belamente. o prmclplo gen ctr~ da Arte. Se superior na s~a . grandeza d~ sentimentos. se resi;runrdad ;i e de-fen– dida pela muralh" d\l d1m,1dade sem rcstcns. _a ITIUlhPr :i•.somn na a r te e. ent ão. é t'~séncia da bclcza no talC'nto dP Vargn, Vila nn "1-'lor do 1 ndo''. Se frál?il 11'1 <'Onsi<t{>nf'ia m?_ral._ se dúhil 11 ·1 · ri\'~ das virtudes que plas– mam a almn rlcí<·ndenrl: n N>nsc1Pnc1a_. sp _rt'svnl~ndo. ••. descaindo. fazcn(,io do an1or prazer C'- r-to -cnl.1.:·ncnto co,nércu:.\, ntndn n1. pPr fldn, pc--r Jurri. infnn,e e n 1 .-., ela t"• nrtC' r se no~ aprc<tcnta soherh;ii nn piint:'lno rtnc.. cor rupc;-f>c.:. cm ºAs mulheres ra•ai," de Cl:\udio d<' Sou·"· ou t,:1 "Gur--;, . ele Benjnmln Con-.t a nt Mas r-obcrana, se não d ivina n,1 dor, é <'xcclsamente nrte se. no h orror do:, declives. reflete C' rct1·<>c<'clr· ou sentindo que caminha para o abismo a ,··lc "º abandona i.:JoríMa e •.ofredoramcntC'. Ne· ··e cnso. cm que a almn paira, Jun•ino~n de ccn1oreen...,úo, ~cima dnc; 1mpurc1n. 10<."<õinto que o corpo !ó:,(' gaste e st' castis.tuc 11;l tortura dr prnzercs QUC. f~ze,n o c·urn-:.-ão ~angrar de nsco e nojo. ela é. cntúo, ,, divino reflexo dri d1v11~a .!'<'IPzn. E ,·(·mo-la. deslumhra– clora nn sua n1is4.·rin, cn, .. A D,v,111 'I.;'\'- Cnn1é}Hh , fie- nun1:1 Filho. cm ''A ,nu.. lhcr que pns..:.a", da. ~ti ar Prncnc-a, nu t•nt·10, uc-.te P•H.·Jnn ~nbL·rho dl' Antõ– nlo Tavl)rnnrd, que c-•11 cl, ,·o 11111 do~ 11111b helos, p .. la~ vC',·dndc, ' t"t' <' ncc,n •a. da llngua portuguesa ·

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