Revista da Academia Paraense de Letras 1952
38 R EVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETR AS CAMARADAGEM Cariie r , Cartie r , m e u cama ra da : Aqui chegamos. lá de baixo, a pé. junta ndo mangas e ven ce ndo a estrada que passa no Arraial de Naza ré . Vieram comigo te pedir pousada . Bruno. Elmano Queiroz e P inagé : Vês que tôda a cid,ide est á fec.hada ... A cada um ele nós serve um café. Ni'io -imaginas q ue pesar sofremos de seguirmos a pé, porque não temos um tostão p ara o " último" d o Sou ~a. Mas. . . se t ens o tostão que nos deba nde, com isso não da rás cousa tão grande nem achamos que seja grande cousa. Seu livr o "Dona C idade" contém um ofertório ao Coronel José Mar ia Camisão, então ges tor da Comuna belcmense e a todos os funcionários muni– cipais. Certa noite , lembro-me bem, está vamos à por ta do "Café do Buraco". Passava, n esse mome nto uma pr ece de São Sebas tião. Ernani. com um vago o omoreo sor riso nos lábios, falou-me : - Olha, Pinagé, recebi hoje um p resente. E m os tra-me um envelope e dentro dêste a importân cia de 25 mil r eis, - Quem mando u êsse dinheir o ? • - indaguei. · - Um auxilio p a Prefeitur a, res ponde u o poetn. Mandei-lhe 10 exem• p iares de "Dona Cidade" e êles mandaram-me essa importâ ncia e um bilhe te de estimulo a prnssegu i.r n as minhas publicações. Que extraordiná ria rec ompe nsa pnra q uem esc revera, e ntre outros, ~ste belíssimo poema de "Don,i Cidade" : O PARADOXO DA VIDA Homem ! Sofrendo eu apre nd i que a Vida é uma alegr ia ; - essa Alegria que vai n a aurora desaparecida e vem na a urora do outro dia: e que sni do teu corpo q unndo em iid,i, e que pousa em tua alma, se repousas. E. con exando lágrimas e m ág uas, - com essa paciê ncia de q ue us ar não ousas - c u sorri pnrA :-"I v idn e vi n v id;I sor r indo para m im , agradecida, n o j úbilo infusórico das Águas - na Al egria moné r ica das cousas 1 E m o iq adcnntc, OS SINOS .10 J ruHJ,-,. Vl,lh DH, Huh1 io11, t•uvoa., b r(Ji1z, 1 0 K. nCJhres, o.- Sinos dizem. le ntos, langues, longos, do Arlo u,>s que , singelos, calmos, doccis, brandos, pobres, :m d:m, cantando p ela vida tumultuária ... Fundos, :,;crcn o~. U11d os, bu:1ves, ésses dobres s5o como a P rece bôa e leve e milen!1ril1 ela alma da Or igem a p ed ir que 111.10 sosNob1·es, Homem, n o pego d esta vida anfrata e varia. D e ntro da ccln brancu e esgalga e si111ples e alta, d a tor re, oi: Sinos lembram ré us a que se e ngonze a L ibe rdade, no cas tigo de uma F'alta . . . E plabn1aJ11, po.is ,. a A I_"g-ila-l'vl ãe, .ª ondas sunoras, assim eterna, ass11n p rimcva, ass1111 de bronze, ~uribulando a Gr ande Missa das Auroras ...
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