Revista da Academia Paraense de Letras 1952

22 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS tal que conseguira arrastar o irmão, o imortal. Afrãnio, a acomp~nhá-lo na a ven– tura . Mas, não obstante s ua influ&ncia se,: facilmente reconheci.d a n as d e nomi– nações que distinguiam as fazendas dos Pe1xotos, penso que Afra~,lo nunca ..che– gou a aputxonur-se pelo cacau nem pi!IO Rio Doce, pois_ Bugrtnha , a propriedade dfle, contigua a Goitacazes, estava aban<;1onad a } g~arda <!e ..seu Casemiro, um de nossos trabalhadores, que. ne la residia. Já Maria Bor:11ta , .ª tazenda d e Filogúnio,. situada mais para ba1_xo, ent re Llnhares e Regência, e~sa recebia frequentes visitas do dono e os cwd:idos constantes do Dr. Auto, que 111or.:iva com a familia, na atual "princesa". Ninguém da reb'1iio Ignoro.vil a exlsténcla do Pa~.-.. por _c~usu do cncnu que daqui f6ra, direta ou indiretamente e que, contra as prev1soes dos pa r aen– ses, não tnrdurla em lá aclimar-se, espalhando fama e rtqu~zn. porém, Llnhnres conhecia alguma coisa mais de nossa terrn, eu o verl!lquel nos p rimeiros dlns de residência em Goitacazes. Antes da chegada de minha familia, aceitei a propos ta de um camarada por nome Aristides. para preparar e se1·vir,me as refeições. T udo era bem fei– tinho até, por ém o paladar do pão não me agradou e como reclamasse por outro produto, seu Aristides respondeu-me : - S6 se for biscoito Palmeira I E no dia seguinte, ao la do da chávena de caté, encon trei bolachas "Maria" da Fábrica Palmeira ... A curiosidade ·desperladu levou-me a visitai· as vendas de Linhares, onde me apresent:iram. além das referidas,_ t:imbém as bolachas de sod:.i, µor entre m 1•dlcamentos do Gesr.?ira e aquelas latinhas de vaselina que o Snllm Sales vendia n duzentos réis... Mas, naquéles tempos, ludo er:i diferenle de hoje, a rodovia de Linha1·es r, capital não passava de um sonho acalentado unicamente por v isionários, de 1-..odo que necessário s tornava não perder tempo, porquanto o t rem da Dla– m::mtlnu, a cnmlnbo de Vitória, passava em Colnt!na ao meto-dia e u viagem, <'om o rio séco, como estava, exigia ci,rca de doze horas. Sim, porque o Rio Doce, se na cheia apresenta volume bem a preciável, na séca pode ser vadeado com água pelos joelhos, pois seu canal é extremamente r eduzido. Por outro lado, o motor da "Goitacazes·· pesava mais do que d evia. Muitas e muitas vezes, durante a viagem, o motor ia lhava, por causa "d a areia que nele penetrava, o mecanico entrava cm ação para repará-lo, mas, termi– nada sua tarefa, encontrava a lancha desobediente porque encalhara. Recorria-se enttlo uo "talento" do pessoal que, escolhido a dedo pru-a Isso, levava 11 "Oott-.- cazcs" ao canal. · A única embarcação que razia Linha reg ular, em qualquer é poca era a c hatinha ."Rio J uparanã" . Sob o comando do russo branco Pedro Eplchin", t6das ao manhas de qulnt11-1e1ra. descia ela de C..:oln~,n::i para Llnhares e, lie 11 hor!\ da cheg:ida a inda permitia, seguia para Reg&ncia, m:iis próxima d o foz. o pes– soal da chat:i e o da lancha se e ntendiarn, de modo que haviam combinado 0 bullzum,.,nto do can11t, por meio de v.irlnhas e esse ballznrnento, npes:tr de alca– t6rlo, sempre prestava algum auxilio. Na ocasião porém, nula completamente era a utilidade dessus b:tllzas. . Encetamos 11 viagem com o ~rlozlnh_o gostos? . da madrugada. Lari:uuieo n1µ1damente do barranco e cm meio ao r,o, a frog1hdade da embarcação, os m il ru1dos CUJ~• origem tornava-se impossível descobru·, dada a escuridüo que razio h 1devass:ivcl a selv:i que nos nanqueava, tudo enfim concorria para infundir-nos un1 resp':'!1t.o tremendo pela natureza que sent1a 1nos prote!;tar contra o violoc;iio que prat1cova1nos. Os hom1:ns dormiam, m us nós snblnmos que o "povo do Jángul" e O pró– prio rio mon1mhan1-s.; bem despertos. Perceb1amos que as águas re:igiam ao curµo est1·anho qu., as rasgava, tentando inutilmente expulsá-lo ru111u au mar e c-01u.egulndo apenas ob~tacullzar-nos a marcha. Aos ouvidos chegavam-nos nlti– d~,11":nte os c~os lugubr_es dos coros dos coatá:.,, que pareciui:n re unidos e ,n v<:t– dJtlt:1ros orteocs t:, 1na1s nl.Ju[odu,nent.e, os rumores de variados seres qul.! Oh }H.1r 1->crLo ctus 1nurgo~s. l utuvun1 pnru viver . Atigurava-sc-nos ouvir o qu~brar de ramos ~ue denunc,av:i a passagem dus antas u Jlaca.r as plantações c a peraer cun1p!..lnhc1ras. tt.1n1b~das nas nrn1adiJho.s. E uõo lg11orava111os que. 1~ para 0 centru. l.Jrami;:un us onçn.s, <=nltegues .ª cnça c,u o s~us un1orcs, quiçti ern torno do~ al:tunpnn1~ntos cercudus de fogut!1rob, onde, nr sim, o hon1e1n njo dol'rnta ~~;:~~uu nu rt:dL, dedo p ronto no g::it l!ho, sob pena de de•ap~recer , c·o,n rede ~ Seu Llonel também n.-.o <lormla, t,u,nto nas mall\guctus. Eu e que, cóne– cio <.le que podia confiar-me Í1 per1c1a daquela gente que mu estimava por ue tarub..:Ju. cunttava cn1 mun. n ahnu bou dt\.(l\l~lcs M:rtunejos que recor<.10 coin riro- 1u11ut1. ti~~dndt:, c':l e qul! ntu ctelxcl vcnc,:r pelo 1ctt,\'0 du ,nutu que bUJleruut.u– ravu o r1c-, e 1ne, invad ia por lodo~ os acutidos Despertnru1n-1nt:, rnus nao d~sf1~era111 o cucantmncnlu, u passorada u. eor.. geur n n.lvur:. i.da nu sclvn o rv;Jlhada. u pcrtu111c 1ne1Jriat1lt! das ilorlnhas de Un– lt::-.t.: n1au11ul e a..:. vuzt.•~ hu111;i11a~ que trocav,..1111 "I.Juns dw:.·· conocscu, pois, em– lJOra ctt:> ruru t.. 111 raro, JHltL.•u.uuvs H cucuutfat' u1114, c.,nuu u vura, CJUtru a rnotor de pópu. Nos hurrhtu.!Oll, co,neçnr.. ru 1 ..J,.lr1 1 l:<•r curun1lna q1w rocon.hectun1 u •·oo1tu.-

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