Revista da Academia Paraense de Letras 1952

-( ~ REVISTt. DA ACADEMIA PARAENSE 17 t. r. FAlJSTO E DOM JUAN .J)., ._...,. / Do OSWALDO Oll.WO F'roqucn tcmen tc. vemos passar nos nossos olhos jun tos ou 111lstur11do3 "BRAS DESSUS. BRAS DESSOUS" , FAUSTO E DON J UAN. . Tem essa allnnça um fundRmcnto histórico? Pos.~ui nnt.eccdcmt-e que a au– t orl7.e? Corresponde aos dados de tradição e da Jcgend" ? Ve.lamos a ldcnt.tflcPção <las nNsonngen~. rstndAndo as orlgc-ns do CPOO. De onde vem DON J UAN? De on de n asce o DOUTOR FAUSTO ? Don J uan aparece no fim do srculo XV1. rlescobert.o pel:1 pe1w de um fr~de, ouo> proci1rn ncmutclar " sociedade de seu tempo contra os amores llicltos. l!: e rel1cldla humana contrn ns leis rcJJglosas qüe defendem n Instituição cln. familia. Os Instintos desen freados, em revolta contra n limitação das paixões, gcrnm o fi– gura do sedu tor impenitente. Por u m pnradoxo. mas tambiom por uma fnt allc\ndc, no ambiente mais conven tual da Europa é que desabrochn esse flor do pcct\dO. cn– çomcndo pnrn cená rio de s11as próesas R naturc:>.a cálida e exuberante de Sevllba . ~: crtn c;áo ? É renlldnde? De que lencla procede? De que C'stlrpe rcsultn? Há q11cm_ pretendo- fR7ê-Jo orlcnttlír;o tln Galicia e clPSccn•1.-,,tr n<' Afo,,so IX ,1,, I,eon ntrnves de Don Pedra. do qnl\l o filho. Alonso Jore:e Timor!. foi o 16 o :,lm1r'>11 te de c ,,st llha n o reinado <te Alfonso XI Dêle tC'rlam vindo ao m undo dois rrhent.oa : Juan. cavnlhe.tro dn orde1n· da Banctn VernH?lh"' ,,. Alouso Jora-c ~i.\t'tU\ ?tl Ch~fn cto Sevilha. A êste CRberln a paternidade de DON JUAN. É ncc;tndo acredlt.a r m•r.s& n ealoe;!a? Multc-s a rcrutnm. Outros n admitem Como quer ci uc Rc.la. DON JUAN ec!ucou-sc pnra o papel que viria " representar no seu tC'mpo, nprendeudo ligeiramen te a ciência usual de comportar-se na rocledRde e esmerPnd o-sc n a nprcndl:mgem e n o manejo da espsda e do C'llvnlo, sem esquC'ccr ns lições de mú– sico e de dança que complet~rinm " sua en11cRçáo ele e:entllhomem. O próprio pál, com seus relatos e aven tu-·,s. teria excitado o npetlto sen su al Cio rnpnz. Ao:i dez anos de ldndc. quando os ou tros meninos nlnda pensam cm boner ns e bolas, ou Improvisam Joizos Inocentes para passar o tempo, e!C' ~e diver tia C'm c\c">vrstlr aa suas pequenas rclnçóes femin inas. nju rlnnrfo-~s a mostrar n• pele brnur o e Ino– cent e d~ corpo. Cresceu e con tinuou. Foi fiel nos passatempos da Infân cia. f a– zcmdo deles a su n única rellgli\o. Só acredltnva no pr1>zer <'fêmero que lhe <lnvum as s uns conquistas. Dn repetição de tantas proesas, do ruido ele tan tas nvcnt urno teria n ascido o t ipo ou n lenda do BURLADOR DE SEVILHA. captado em um m o– mento de Inspiração ou gc11lalldadc peta pen~ de Tirso de Molina. E FAUSTO ? Como n asce? Com o BPfll"C'C0? :i;; pura criaçno IHerária ou res– ponde por umn vldn real ? Tem biografia ou brota dn lendR? As mesmas dúvldllO e divergências com plicam o problema de sua. origem. o tipo h lstõrlco quo ru,n •c de modêlo no poema de Goethe pode ser o Cio mago qu e mPn;ulhe as suas rnizeo n a época da Rennsccnça e que dever ia ter vivido entre 1480 e 1540. Tudo Indica que seja, realmente. aquéte Georges Fa nst. ele Knlttllngcn ou Kun cUlg. r m Wudr– trmberg. ~mborn o VOLKSBUCH lhe sltul o berço ""' Rod, nas vizinh anças e Weimar; Wldman n prefira Salzweàel, em Ncrdlmnr k o outros In vestigadores acel– le1n Helctelberg como sua cidade natal. Para dificultar ninda mais o prob 18 f 8 • uma outra personagem com o mesmo n ome. Jenn Fnust, dispu ta n fmn n do mt t o, usando por vezes o mesmo sobrenome de SABELLI CUS. qu e o ou tro ostcn ava como gnla rdllo de sua espantosa clêncln. Como quer que seJ:>, n flgurn do mágico dan çava UI\ lmaglnac;i\o p oP_ula r, constltula uma substilncln rica de engcDh o e poesia . Ern o PATJJOS. a esscncla lirlcn reclam ando o i,rtlsta que aproveitasse 'ti ntuclnacão elo nstrólogo, sua cPm– pJ1cldadc com o Diabo, pnr:i cld extrair n obrn dcstlnadn a lmor t111lzá-lo • " ... •: pulnridado do lem a. conquistando os meios unlversllllrto~. esten dendo-se n ,,a~l:;c lltorat urns atrn,•és das fontes puras do VOLKSBUCH. !'r!ou a atmosfera propic a à elaboração cte umr. obrn de sentido cósmico, que pusesse cm jôgo as fôrças sdc– orrtas. que agitaram ,. Idade média, e rclletlsso a oposição entre o paganismo u Renascença e • coragem mlstlca do Cristianismo . Ensaia ram-na várias p!umno amestradas. T entou Marlowc, quando o lcgond~ chc~ou ll In-:;taterrp, escrcven 0 d 0 o aí pelos fins elo século XVI n TRAGICA HISTÓRIA DA VIDA E DA MORTE DOUTOR FAUSTO: mas dominado pelo seu tempenmci;\to hupuls lvo. P_0r nque– laa mesmns energias desencodeadns que •nodclnrnm o seu TAMERLAN, n no logrou comprrendcr a avent ura lntrlectunl do hrrol. o conflito entre o çlclo e o amor. 8 hn n entre o pecado e a gr:1ça, q ue e a fllosonn pnclC'ntc. e curlosri do sábio. JUAN Dlferentes nos seus propósitos, recuado~ nas s11M orlgenG, els qi1e DO~ _ e o DOUTOR FAUSTO se eucontrnm uo mesmo cenário, conctuzldos pcln força ns slmlladorn dos "PUPPENSPIEL". que, nprn,rir~nc\o a vers!lo dramatizada das lo- 1tendas. tri1nspor1am rtos a;;oreH qu~ as poµutnt,;... m no ,entro, para o tablado, o~dc ombreou co1•1 0 povo '\G (luas criações lltcrãr'ns. A comédia ele Tirso de 111o +n n s o drama de hlurloie, a;.:cadc. ::.o v~lcc l)ClQE ;;-.,~:·e- ~•111111nµtcs (11.!C os adap ,a• , , ., )

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