Revista da Academia Paraense de Letras 1952
12 R EVISTA DA ACADEMI A PARAENSE DE LETRAS A L ei ? Se a lei d iante dos atos de um homem. nocivos à ex is téncia de quatr o milhões de c ria tu ras, m e tolhe o direito de os combater e condenar, se a l ei me obriga a ser injus to e ser ind igno, re nego a lei, odeio a lei e não n c umpro . P orque n ão h á lei d e tira nia q ue m e obrigu e a falta r a lei suprema d a verdad e" . Ainda. por ocasi5o d a prime ira gu erra mundial, no momento em que Por– t ugol tom ava porte n oqu ela lut:,. gloriosa de que foi também p arte ativo o nosso que r ido B rasil, Guerra J u nqueir o exu ltava os seu3 compra tícios com pa la vras cnnclentes do mais sadio patriotismo, d izendo aos por tugueses que ficav.'.l,m : " O deve r dos que f icam é cuid ar dos que pa r tem. tomando-os pa ra mo– dêlo e para exemplo . O h e roísmo dos que d5o a vida por nós-todos reclama a u nidade heróica da n aç5o inteira. Quando a a lma p ortuguesa se le va nta no mundo. i1ão pode nm esquinha r-se, ne m degradar-se Portugal. Quando os nossos soldados valoro– sos, frate rna lme n te, se conj u gam no am or da Pátria , não podemos nós vllipen– cliâ -la e desonrá-la com a baixesa t orva d o .nosso egoísm o, com o {uror deme nte dos nossos ód ios. Banhemos em luz os corações, estr elemos as almas, magnHiquemos as von– t::,des I Queimemos os n ossos f arra pos e m isérias em la va redas de Ideal <1ue nos s ul,limem ! Comunguemos e ajoelhemos de m ãos põslas ante a imagem da P útri,i idola trad a, e, sob o esplendor d o seu o lha r , rezemos todos, cheios de fé tnna oração u nâ nime. 11:i-la : ' "P á tria divina d e Camões e de N um· Alvarez, santificado seja o vosso nome. Ve nha a nós a vossa vo n tade em nossas alrnas. Dai-nos em cada dia o pão i morta l d a v ossa es pera nça, e perdoai. Senhora. os nossos êrros. P a ra nos libe r ta r d e toda a fra queza e de todo o. c rime, e ncheremos os cor ações d o vosso amor. _ Amen" . Rcs::indo esta oração. e d ando-lhe c umpriment o, salvamo-nos ::i nós e sal– vamos a Pátria. Malditos e clesgracados os qu e não rezarem ! Cai::, sóbre êles, inexoràvehne nte, un1 lebeu e terno!". úLTIMOS DIAS DE GUERRA J UNQUEIRO É qua ndo se torna bem nítida a in terfer ê ncia do !)assado in fant il do p oeta ligado á sua educação ca tólica . Em a " no ta" q ue Jun queiro escreveu nas P ROSAS DIPERSAS, a res– p e ito do artigo Sacré-Coeur, assim se e>.':f)r ime o poe ta : "Eu ~enho sido d evo dec lar á-lo. (escreveu n~ssa "~ola") - m uito injusto com o IgreJa . A VELHICE DO PADRE ETERNO e um hvro d::i mocidàcle. Não o escreveria jó aos qua re nta a nos. Animou-o e ditou-o o m e u espírito c ris tão, mas cheio a inda de um racio– n a lis mo d esvairador, un'l racionalism o de ignorância, estreito e s upel'ficial" ... P e nsam algu ns psicólogos qu1e foi essa a época de um a c rise espiritual– mente d esorganL,ad ora . do ru ir p sicológico de J unqueiro. Nós não ent e ndemos assim. Guerra Ju11q ueiro fõra a rrojado de cer to contra alguns dógmas _do catolicismo, \nas não se pode n ega!· _o réspeito do poet a p e lo q ue de mais belo _e ele mais p ur_o encerra_ o ca.to_J,cismo, - a dou– t r ina de Crist o, ela q~a l_ con:suderava Junqueiro a Igre~.ª prn~•came nte a fastnda. o p ad re Lopes de O l1ve1r ~ c hegou_ mesmo a decla ra~- : Nao .e nmda um católico integra l mas falta p ouco . Ta mbem o padre Dubo1s em bnlha nte trnhalho há pou co p ublicado p elas colunas da "Folha <;!<> Norte", desta cidade assim concÍue : •1T.,nho certeza que G uer ra J_u ~que1ro seria dos nossos se, para s uas mcd1tnt;õt?s, dü;pu ✓..esse d e u 11s a nos a mo1~.. _ . ... . . Efetivam e nt.e. as fortes 1mpressoes da m fanc1a, continuadamente recalca– das fulgiram durante tõd a a s ua obra poética, fora de qualque r intuito religioso· orém O temor da morte fez ressur gir o reca lq ue n um .connito bem hurnano d~ ~omén;-adulto com o homém-cr ianc;a..fazendo reflui,. " .C(;!nsciên cin os senti– mentos c:1tó licos que d. A n:1 G ~e n a rez esboçm· e as pa,x ues ho.1 rna nns tinharn pretendido, a tod o l\'ansc, d e r r u,r. E:slava n a lólti<:a do ~eu tempe ramento fulmi– n a r e d e inolir. C~n11nhou, p~r n o t uniu lo, tendo 1n1prcssa e ln sun l'e l1113 n inia- gcm de S. Fra11c 1sco de: Assis. . . . . A suspeito de ciue tivesse algum cita, 1rrelle t ,cl::u~1en le prnt,endo alguma injus ti~o. inqu ietava-o. P o r isso , cortava e récorlava _fnr1ost11nente, condensuvn e s uprimln I ..Jdo q uanto p a recc~se menos j u~to o u ma,s c r uel em seus [l'abnlhos, mesmo os de longa d ata pubh cados. _ Adv,•rudo, de u m a ie1ta, por Juao Cravo que o encontrara neste tra ba– lho de cl<!sti 1iç:'io, da inut ilidade. ~e seus esforços com rel a~iio :\s ediçõt's que cir t'ulava m na E uropa " na~ Amcn cas, ta l ciua l, lol':11n p ubllc·nuas, p r ontnrnente acud iu,.:Embora. N:'io pe nso !'ºs o utros _9 ua nclo risco nos me us livr os o que julgo f;er rncr~D~; nobre para n_ n11nha consc1e11c1a; pc-nr.o cm ,1Hu~. 1 :a . hora cin que devo túcL , , ,·cinde de 1mnhn a lma aos hon1e ns e a 0 <'HN, 11:io hesit urel. Quero ,,c1· justo nié no a ll'nto fln nl ... "
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