Revista da Academia Paraense de Letras 1952
REV16TA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 109 A DA~TÇA DA PAXIúBA ABGUAR BASTOS _ Vou folH-vos de umn dnnçn cal/lUI\UIÍ., recolhida, do "rã -txl\ h u-nl-ku-1" (!m,n1a de gente verdadeira) pelo mes tre Caplstr!'no de Abreu e que lhe velo aos teictos atravês a memória do índio Bó-Rõ. Da tradução literal. com fnmes asslm : •nós sós, nós asslm nê.o trazer po– demos n ão", vou uprcsontar-vos uma versão corrida. capaz de vos colocar em en– tendlment,o com essa resta de alimento em que a palmeira paxl.uba representa im– purta.utc papel. 1!:sse cnxlnauá é do rlo Ilbauçú. que por sua vez verte no Murú e ooin ág uas misturadas vai ao Tarauacá. da bacia do Juruá, que se la rga entre o Estado do Amazonas e o Território do Acre. Palmeira pnxluba tem sua rama entre a lndiada, por alguns sortilégios dela. Também é úMI. Serve para emparedar e assoalhar os casebres dR beira do rio. Caxlnauã diz : •·vamos muitos cor tar paxlubn b arriguda para que dansemos" - Precisam Ir muitos. " Sozinhos podemos corta r. Trazê-ln nõ.o ! Paxlúba barriguda não é leve." F azem seu apêlo : " Levemos outros ! Outros pa ra carregar porque sozinhos n ão podemos !" AI, vi\o. "Derrubam a gra nde paxlúba. barriguda., que vai co.ln– do, a.ti' rnlRr deitada". Depois "córtam, lascnm a pnx1úba barriguda, lavram seu ·mtolo, tiram-no todo, só deixam â casca". li.gora "abrem cnmluho com a paxlúba barriguda qu e caxlnauãs cortaram. arreiam-na no melo do caminho. amarram-na, bem a pertado, com cipó". O caminho ele volta é longo : "dois na frente váo, dois atrás vêm, dois no melo também vêm e gritam e gritam durante todo o caminhar". E agora as mulheres fazem o "katxa", a bebl9a que vai fermentar n a. barriga dll pnxiúba. Um dos ma ridos despeja a bcblcla. no ôco da paxlúba . Em seguida o · marido "cortn fólhas de bananeira; com as fôlhas tA.pa por dentro, com outras. cobre, ajuntam gentes. uus brincando, outros dançando". Já estilo em casa. Já começam as dança~ : "Abraçam-se '])elos pescôços. f11:zem rodas, can tam chamando Vóvô"". A dan ça não vai parar em rodn da paxluba. " Uns estôo q_c mãos dadas. dáo-se as costas. sapateiam. sapatelam". As mulheres entrnm na dança, . com os homens dRnçam . Mas há O dono da festa. o dono do "katxe", que ~ambem dan_ça com sua !;ente, dança até O sol se pôr, dnnça quando a noite chega ou com eles dizem "ba rl kaya naw!'I. môxo mon\ nawnl" . " Amanhecendo está, dançaram. largaram, deitaram-se, dormiram". ··o dono do ··kat"xn" dormiu, cinco noi tes passam, ns gentes de novo !ljun– tnm. uns fizeram enfeites com go'!'os de )artna" enquanto que as gentes de urna casa ch amam as ele outra casa, ate que todas as casas são chamadas e as mulhe– res fazem comida. Então as mulheres ••fazem mlng,\u, cozinham milho, macacheira e batata".. . E tiram banana -madura e toi:ram inendoh! e cozinham jirlmum. "comida a btÍn• dante fazem", enquanto uns ficam espera ndo, gritando n as casas. para depol~ aai– rcm dns casos e pelos caminhos descerem gritando . Dão-se cm seguida ns mãos, nssentam-se nos ba ncos, recebem comida . Caxtna ua explica : "Comem. comeram, acabaram, levantaram-se pegaram -se as mãos, rodam, escuro dentro dançam comprido". Isto é, dançam a {:,olte Inteira. porque "escuro" quer dizer noite. Já se passar~m cinco noites ou antes 0 01ão escuro", porque "nlio" quer d1- Z<'r " cinco" em função dos cinco dedos. Aaora' "amanhecendo está. "katxa" heberam, vomitam·• A~aba-se a dança. todos cstli.o rum,mdo tabaco migado.· Todos já proc uram suas casas. Esvnstaram a pnxlúbn _barriguda que antes est ava cheia do "katxa" que na sua barrlgn · fermentam. Vao Joga r fora a paxlúba, que não serve pa ra outra dança. porque paro a dança nova há de vir outra paxlúba. virgem. o dono do "katxa ·• (n bebida que fermenta no ôco da paxlúbal é o tuxáua, 0 chefe da mnlocn. Quando prep, ram o "'katxa" é com a flnalldacle ctc tazer dan– ças. Em corto tempo a bebida é elo milho n ' rde. Entornam a bebida bem grossa, por isto é mingóu . Mas sempre que derrubnm paxlúba, que fazem mlngáu, que preparam "katxn" para danç11.s, _ ê por ordem elo t!-1xáua. fiem sua ordem, nada se faz. não há festa, não h á pRxluba rolando no chtto, carregada nos ombros dos ho– mens ch eia de "katxn", como uma gnrr.\fa compridn, de cujo gargalo pendem as fôlhas de bananeira . . Durante a di\nçn ela paxlubn n inguém dorme a noite. Quando o sol aparece ê que vão donnlr . o •·kat:<n". cll' m!n,;áu dr milho vrrde. dá fôrças parn a grande dança, m,\s a comlch, tambrm. porqnr f! rnacnchelra cozida, ,!, mlngáu ele hannna ma d u'i1 · or Isso 11 paxlúba é sugrndr,, al ! u uo Loquem nn puxlúbn porque pode vir a ser umn g!orlollll puxlubn barrlgucla, escorrendo "k11txa·• pnm II lunünosaa nol~ea de dança 1
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