Revista da Academia Paraense de Letras 1952
- 104 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Dom Antonio de Macedo Costa VILHENA ALVES (Patrôno da cadeir:i 30) Pelos jornais da capital soube que faleceu em Barbacena, Minas Gerais, o eminente arcebispo da Bahia, ex-bispo do Pará, D . António de Macêdo Costa. A I grejo Católica P araense deve cobrir-se de lu to rigoroso J:!e lo morte do sábio Prelado, incontestàvelmente o mais hrithante luzeiro do Episcopado bra- sileiro. . As luminosas Pastorais com que doutrinava o povo paraense; outr?s mui– tos livros que publicou, cheios sempre das mais puras e ortodoxas doutrmas ; o Seminário .Menor de Nossa Senhora•do Carmo O Instituto Providência, o As ilo de Santo António ; a Catedral, que ê le transformo u de templo modes to e'!' ~ajestosa e imponente basílica; o dovtamento, a dedicação inexcedívél pela Re hgiao e P!!lo progresso e e ng ra ndecimento d e sua diocese; são t ítulos de g lória que e levam o m– clito Pre lado ~ uma altura a gue ainda não atingiu sacerdote nenhu!" no Brasil. Posso dizê-lo, eu, que sempr e usei d esta linguaf{em e m r elaçao a D . A~– tbnio, e nunca o abocanhei, como nrnitoz q ue hoje lhe tecem pomposos paneg1- 1icos. Como pregador , .a sua dialeta poderosa pulve rizava os magr os sofismas que ousavam ~ropagar doutrinas contrárias às crenças católicas. . . . Podia ter e rrado a lguma vez como cidadão; e11rou, sem duvida, porque m– falível só De us; mas é certo que soube resgatar nobremente um ou outro desvio, com os la l,>ores e sacrifíc ios de un1a vida imac ulad a, com um fervor incessante p e lo desenvolvimento moral e intelectual de sua vasta diocese . . Quando, no Jylinistério do Visconde do Rio Branco, agitou-se a questão r e- ligiosa, o grarrd e bispo colocou-se de viseira levantada no . campo da batalha, e, desafiando todos os potentados da terra, soube esmagá-los, com o p eso do seu más– c ulo tal!!'!to, e com_ a resistência tenaz e inquebrantável que opus às leis absurd_as do Imper10, as qua,s pretendiam nada menos que subjugar a consciência do Epis– copado com os decretos serodios do marquês de Pombal. O vulto de D. Antônio ag1ga!"tou-se tanto naqu~le tempo, que deixou na sombra os minlstrinbos que Ih!: mordiam o calcan~ar nao podendo lutar com ê le corpo a corpo. O .resultado_foi a quela sentença in,qua do SupremQ Tribunal ele Jusliça e o cárcere para o glorioso Bispo. Poucos tempos se p assaram ; e o govê rno imperial, não tendo con»-,guido encontrar um s~cerdo~ bastante vil qu<s se prestass-, a levantar os interditos la nçados pelo Bispo, viu-se obrigado a arrepiar carreira. decre tando a celebre anistia, só reser vada pe la constituição do Império, para os c rimes políticos. . O ilustre Confes_sor da fé sa.u da pris.:io com uma aureola mais g loriosa ainda do que a que ~te então lhe adornava a altiva e majestosa fronte. Com a separaçao da I greja do Estado, foi o &r. D. Antônio de Macedo Costa levad ~ a ~rcebispo, cargo que a S. Excia. competia por todos os títulos, mas -a 9 ue n'.1° fora elevado no tempo do Império pelo "medo" que dele tinha o govêrno 1mper1al. · . ~m l'f!Sumo: _o sr. D. Antônio foi um brasileiro ilustre, um saf!erdote exem– planssrmo, um varao eminente em virtudes e letras. d 1h Eu, 9f~ sempre O 11enerEci com o mais entranhad o afeto, venho agora ren– er- e as u t mas homenagens, derramando piedosas lá grimas sôbre a sua tumba. Vigia, 26 de março de 1891.
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