Revista da Academia Paraense de Letras 1952

98 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE OE LETRAS P AUIINO DE BRITO O ROl\,lBM A pâl!ina que se vai ler foi exwalda do liVTo de MaYqnes de Carvalho - "Galeria de Poetas - Perfil literário dos poeta3 nar;,en ses cont.etnpo•lineos - Pau lino do Brito" - publicado n o Pará em 1887. No número 2 desta. Rc,rista. publicamos o ca- pítulo referente ao "romancista". ' Paulino de Brito cont:i hoie 26 :in os dr idade ; nas ceu n11 cidade ele lYla– náus, sendo seus pais o capitão de 11rtilharia Paulino de Almeida Brito e D . Ri– carda de Atmeid11 Brito . Tinha ainda seis meses de idade quando o levar:,m dn torrão nofal. cm compa nhia da familia . por ter vindo seu pai para a r u:,rnlçiio do Por{,. por <'•fiem dQ l!nvêrno. Ai esteve até aos 4 a nos. quando foi o capitão Brito remo– vido p:ira Mato Grosso . Os m a rtírios da fome. ns horrores tia oci::tc cta v:11·íola, quê di1.imo11 a T1n– nu lação, " inundacão que destruiu rrrande parte da cidade de Cuiahá. ralami– rla de. enfim. de tôda espécie. - ei~ o dnlor oso espetáculo oue se a ntnlhou a P;,uJino de Brito quando teve uso de r azão e cujas consequência~ sofre u ,;:orn sua familia. Acompanhou o oai em a l,n.imas penosas marchas que êst e fez p ara guar– necer ns pontos atacados pelo inimigo, e uma ou outra vez teve de procurar a salvação na fuga . A peste. que o fe riu a êle e ã famílfa. levou-lh e uma irmii ; a guerra. rou– bou-lhe o pai. que sucumbiu à força ele tantos labores, d eixando-os ao rlc – samparo . - "Em tais condições, - disse-me P aulino uma tarde. - em tais condi– ções. a min ha educacão não podia deixar de se r descurada. Quando terminou a l?u erra, eu aoe nas sabht lêr e escrever, pois foi o que meu pai m e ensinat"a n os seus momentos de d escanso. P assei " men ini.ce mais nos quartéis e l'ICllmpa– mentos d_o que nas escolas e colé1?ios". Foi esta precoce prálica dns oosilividadcs d;, vida que lhe deu o ;irlmir!.l– vcl san,n.1e frin, a impassibilidade com que enfrenta o perigo e resolve sôb1·e os meios de o combater. Um padrinho dêle. o coronél c . de Morais Camisão. encarregou-se de tomar a si edur.ação do afilhado. o que n ã n r ealizou. em razão de morrer de pois rle uma 1;érie de vitórias e derrotas que e:,.-pe rimentou internando-se no terri– tório paraguaio. Reaberta a nave~ação. e quando continuava ainda " _guerra . " vht~;, do capitão Brito e seus dois f ilhos tratar;,m de rc,:?ress;,r ao PRrA . _e. depois de Pe nosas e longas viagens em canôa. ch egaram a Corumbá, onde f icaram pouco fempo . . Dai seguiram para Assun ção. que tinha ,sido tomada aos pRral?Uálo~. bav1a pouco tempo, e encontrando lá um irmão. Antônio de Oliveira Hoi:ta, oficial do exército em operações. resolveu a viuva Brito esperar a terminaçao da rn.rerrA, para voltar com êle ã s ua que rida terra natal. . . . _ . - Residiram cêrca de um ano em o Paragum, prmetpalmente em Assunçao e HumJ~\1;.aram-se· as tropas, terminada a guerra. e a familia do capitão Brito chegou ao Pará no mesmo vapor que levou os voluntártos paraenses. Af procur ou Paulino de Brito esh1dar e recupe~ar o tempo que Perdera. mas dentro em pouco foi ohria:ado a abandona r oS' livros, por falta de meios Pecuniários e a cuidar nos meios ele s ubs istência . Com l O anos de idade .en– trou p a ra ~ tipografia da " Inquisição". a fim de aprender a a rte tlpográf1ca. Alguns meses depois abandonou-a. por_ lhe haverem oferecido malo:1'es. vanta – gens ,;:orno caixeiro n o rio Pur~s . Nao chegou a!é ao seu destino • ficou . ein Manáus, e durante seis meses, ainda sob a proteçao do tlo, frequentou o liceu amazon ens&. . . Regressou ao Pará . ~ ~oi de !1<?VO obngado a interromper os el!tUd0t;, fa– zendo-se aprendiz de m aqmmsta. of1c10 cm que _ lrabalho11. perto de_ dois anos. Não e ra esta, porém, a vontade de Paulino de Brito. Sentia que a im– pren~ll O a tra ia vivamente . As exa lações _das ti_ntas, da potas~a, do papél ~olha– do, tinham para êle, como para todos os Jornalistas de vocaçao, e ncantos 1rresis – tlvels. Porlsso, suposto que nele s.? nlio revelasse al1;1da o hom~,m de letras. _ voltou ainda à arte tipográfica, e entrou para as oficinas de O Liberal do Pará". donde saiu, já como oficial, para o "Olá.rio de Belém" e durante seis anos foi tipógrafo trabalhador e inteligente. 4J

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