Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)
, 94 . ...:..;;;.__..,... _______________ ....., ______ REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS ' ,-· O MAR Quando Aimée certa vez, quase desenganada • pela ciência, cumprindo a prescrição, por último lembrada -do mar, - que avidamente procurou, ao sentir-se melhor, convalescente, do seu médico ouviu meiga e sorrindo, a voz, que lhe dizia alegremente : -Foi o mar que a salvou! Mas, ai !. . . Anos passados, quís a sorte que êsse mar, que lhe déra, um dia, a vida, também lhe desse, infelizmente, - a morte !... O "Citá di Venezia" naufragou ! E o velho médico, chorando ao recordar a cliente estremecida, diz, a frase de outrora, contrariando : -Foi.o mar que a matou! ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quem conhece o critério adotado por Georges Maure– vert sabe que êste - à vista de tão manifesta flagrância -~ um poéta a seguir, sub-repticiamcnte, o fio da inspiração alheia - sem mais delongas decretaría o plágio ... A PÉROLA CORDIAL Quero sintetizar a apurada bondade de Paulino de Bri– to no seguinte soneto de Antônio Marques de Carvalho, in– serto em lustrosa poliantéa que, em homenagem à forma– t ura em direito do distinto mestre, que então já o era e integrado no meio paraense, publicaram os seus admira– dores em 1890. Ei-lo: "A PAULINO DE BRITO Deu-te o amoroso Deus, o Deus que adoras, Grande e bondosa a imorredoira essência ; de Cristal, pura deu-te a consciência Que por virtudes vai contando as horas ; Deu-te os sonhos sublimes com que enfloras A dura senda ignota da existência ; Deu-te o claro fana! da inteligência, Da líra as cordas - ternas e sonoras. Também deu-te êsse bálsamo precioso, Oculto ao ímpio, conhecido ao crente, Que d'alma os golpes cura na oração ; Mas dos dotes que houveste o mais valioso · · · É, Paulino, essa pérola fulgente, -A pérola que tens - o coração !"
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