Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

ilô' '.RÉ:VÍSTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS . "0 HOMEM DAS SERENATAS" A mocidade paraense, para quem o nome e a obra de Paulino não são desconhecidos, talvez não saiba que êle se ensaiou no romance aos 22 anos, em 1882. Raros serão os volumes subsistentes, avaramente guarda– dos. Lucidamente apreciado nos moldes do Romantismo, a que se abeirou o nóvel autor, fiel às crenças e opiniões de que jamais se divorciou, o livro ainda hoje lhe doura o me– recimento. · Leio no opúsculo ''Paulino de Brito", perfíl que lhe tra– çou João Marques de Carvalho, que o romance "O homem das serenatas" se t9rnou popularíssimo na Amazônia. É de crêr que uma reedição viesse a calhar como prova remaçan– te do êxito anterior, talqualmentc há acontecido com umas tantas obras de romanticas que tiveram a dita do nascimen– to nas favoniadas bandas do sul. Cênas e cenários regionais de então realçariam na flexuosidade de uma estilização e vernáculidade cuidadas. Em 1904, obteve Paulino b ela acolhida com a publicação de "Histórias e Aventuras" - uma duzia de contos muito bem arranjados, que ainda agora releio com sofreguidão. En– demoniados críticos novíssimos seriam apanhados nos laços de tantas surpresas através dessas páginas, que, cuido, lhes não negariam boas notas. UMA IDÉIA REACIONARIA A distinta família de Paulino de Brito honrou-me de modo cativante, em me facultando momentos de gratas emo– ções, quais os que experimentei ao consultar o relicário que é _o arquivo do grande mestre. Dou-me por feliz com a autorização de trazer a público algumas dessas reHquias, inclusive os seguintes trechos de uma carta (1899) de Sílvio Romero ao autor dos "Cantos Amazônicos" : "É mais que verdade o que me diz da grosseira filaucia dos toleirões literários desta terra, que vivem na adoração de si próprios e a desdenhar os bons talentos das províncias. 8e me fosse possível fazer com os escritores provincianos um acôrdo, se fosse possível que êles se congregassem de todos os lados e quisessem fundar aqui uma pequena revis– ta, -só para publicar traba lhos dêles e consagrada a defendê – los, ainda eu me animaria a tomar a direção da emprêsa. Pelo menos os do norte poderiam tentar alguma cousa neste sentido.'·' Em que pese a certo fracasso, cuido conv inhavel bater na- idéia -aí exposta, como plano r epudiante da submissão que nos abate e nulifica perante os letrados do sul. Compreende– se que a reação não se deve l'!xercer nos Estados ; com tre– sandar a separatismo, será anti-estratégica, pois mal cheg>t– riam ao centro os écos da carripanha, que se deve desferir no mesmo cenário onde re ina a opressão. · E caiba ao cantor do "Rio Negro" a glória de haver cons– pirado ·com o grande crítico sergipano nessa idéia que, p er– tin-azmente experimentada, sem desvirtuação, certo influiría pará· que ·1uzisse lá fóra muito provinciano descoraçoado pelo desfavor da notoriedade. · · . · .. · __

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