Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

~EVÍSTA DA ACADEMIA PARAENSÉ DE LETRAS 7 da republicana tomava vulto. Alexandre Vaz Tavar~s, já cont;=igiado na côrte, expandiu-se em surtos patrióticos. São dêsse tempo "Imprensa e liberdade", em estilo de Cas– tro Alves; "Brado", ao Clube Republicano do Pará ; "Ti– radentes", no 97. 0 aniversái·io de seu martírio ; "Ode ao. 15 de Agôsto" ; e "Brasiliana", espécie de hino republicano . paraense, "para ser cantado na música da Marselhesa" .. Pelo que certa vez, o ilustre advogado Dr. Elias Viana, me, afirmou, com sua ênfase habitual, que Alexandre Vaz Ta-,. vares fôra o nosso Rouget de L'Isle. Com o advento do novo regime, veio-lhe uma fugaz fortuna política. Foi membro da Constituinte estadual e . continuou deputado na primeira legislatura. A reforma . Benjamin Constant permitiu-lhe entrar para a Escola Normal como professor de Física e Química. Em 1894, no primeiro govêrno Lauro Sodré, exerceu a função de Diretor da Instrução Pública. Quando fiz, em fins de 1897, meus exames de certificado primário, ainda continuava em dito cargo. Considero o melhor trecho de sua atividade êsse período áureo do ensino primário : no Pará. Uma plêiade de notáveis mestre-escola : Severiano Bezerra de Albuquerque, Vilhena Alves, Hilário de Santa– na, Artúnio Vieira, Otávio Pires, Augusto Ramos Pinheiro,. Bertoldo Nunes, Teodoro Rodrigues, Antônio Macedo, Pai– xão, Castro ; e entre êles, dominando a cena, um diretor estimado e respeitado. Ainda há pouco, um dos rema– nescentes, Artúnio Vieira, contou-me que Vaz Tavares ins– tituira conferências mensais, em que determinado pro\– fessor dissertava sôbre palpitante assunto de pedagogia·. Fôra numa dessas concorridas reuniões que êle, orador, travara conhecimento com uma atenta ouvinte, a linda professora Anésia, mulher Barba Azul que, pela sua for– mosura e fascinante inteligência, lograra casar quatro ve– zes. Editava-se uma bem colaborada "Revista de ·Educa– ção e Ensino", onde sairam algumas poesias elo diretor : "Macapá", "último monólogo", "Ela", "Brado". A poesia "Tiradentes" foi publicada na Revista de Comemoração ao Centenário da Independência. Numa das colações de gráu de professoras, Vaz Tava– res pronunciou um substancioso discurso, que foi publica– do em folheto. Republicano histórico, verdadeiro idealista, entre– gou-se devotadamente à administração, descurando a clínica. O ~êrmo _do go"'.ê~·no Pa}s de Carvalho !oi marcado por uma d1ssençao poht1ca e ele, homem de princípios sem nenhuma capacidade oportunista, acompanhou Laur~ So– dré no ostracismo. Em contraste com a democracia im– per_ial, que ta~1to combatera,. a oligarquia republicana, vi– tonosa, despoJou-o de tudo, mclusive a cátedra da Escola Normal. Só muito tempo depois, já no declive da idade em 1916, foi nomeado médico da Saúde Pública e no seg~ndo govêrno Lauro Sodré, diretor do Ginásio Pais 1 de Carvalho, em 1918.

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