Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

1 ' t · REVISTA DÁ ACÀDEMlA PARAENSE DE LETRAS 7~ tes últimos tempos, justificam aquela assertiva de Afrânio Peixoto, no prefácio à sua "HlSTóRIA DO BRASIL", de que ''a evocação deve ser animada para ser ressurreição". Daí a justificativa, ainda citada por Afrânio, de se rees– crever a história de vinte em vinte anos". O minucioso trabalho de investigação feito no Arquívo Histórico da Cidade do Salvador, pelos atuais historiadores baianos, a cuja frente está o Cônego Manoel Barbosa, tem revelado ao Brasil. peças fundamentais do seu passado, da evolução do povo brRsileiro, das suas conquistas, dos seus primórdios ligados a experiencias das Capitanias, à posse de– finitiva da terra tão longam(:!ntc cobi~·ada pe los estrangeiros. E é Pedro Calmon, infatigável e honesto, dando à cultu– ra brasileira tomos magníficos; e é Wanderley de Araújo Pinho, revelando nos seus deta lhes o vida social baiana ; ~ é Afonso Ruy, laborioso e infatigável, ofu ecendo aos est•;– diosos, têmas da vida política e administr ativa da Bahia; e é Francisco da Conceição Menezes, no manuseio constante dos Codíces; e é J0sé Lima, em páginas suge:;tivas de folc– lore baiano; e é Frederico Edelweiss, em laboriosos estudos do Arquivo baiano; e é Albert o Silva, fazendo alarde da .sua, cultura através de páginas magníficas; e é o Cônego Manoel : Barbosa enriquecendo um dos capítulos mab: import.2r-.t;;;s -da história nacional, com os seus trabalhos espccia1ízados sôbre a igreja no Brasil. Há na obra do Cônego Manoel Barbosa a revelação de um historiador honesto e de um investigador infatigável. Não se escreve história repetindo textos revelados ou adotando conceitos apressados. Há a necessidade da revela– ção inédita. Se a afirmativa do historiador não se baseia nos manuscrítos, nos documentos dos arquivos, o trabalho é mais pernicioso que útil. Tem o historiador a dupla responsabilidade de selecio– nar o documento que pesquisa e de revelar o que nêle exa– tamente se contém, interpretando-o, expondo-o, com aquela honesta preocupação da meticulosidade que deu a Capistra– no de Abreu, ao Barão de Guajará, a Rocha Pombo, a An– tônio Ladislau Monteiro BaenR, e nos nossos dias a Artur Cesar Ferreira Reis, a Hélio Viana, a Walter Spalding, ao Cônego Manoel Barbosa um lugar destacado nas letras bra– sileiras. Só assim pode ser considerado o historiadm·, aquele qu':! tem sôbre os ômbros a imensa responsabilidade de instruir gerações e de revelar o passado e as glórias das nações. O prime iro Congresso de História da Bahia foi um cer– tame cultural que teve no Cônego Manoel Barbosa o seu maior animador. Agrupando na mais antiga cidade do Bra– sil o maior conjunto de historiadores brasileiros e uma ex– plendida representação portuguesa, o Cônego Manoel Bar– bosa conseguiu dar significativo realce à s festas comemora– tivas do 4.° Centenário da fundação da Bahia. Conservo daquêles dias uma impressão imorredoura. É que ví desfilar pelos meu s olhos, quatro séculos de história brasileira, desde os dfas tur.wltuados da criação das capita– nias hereditárias, ao drama da catequese, à luta pela inde– pendencia1 ao esplendor de Castro Alv~ e de Ruy Barbosa,

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