Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

72 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS que o professor de sociología e de antropologia social da Es– cola Livre de Sociología e Politica da Universidade de São Paulo pôde realizar com a ajuda preciosa de Art ur Ramos, Braz do Amaral, Teodoro Sampaio, Francisco da Conceição Menezes, Cônego Manoel Barbosa e outros eminentes bai::.– nos, de quem o próprio sociólogo confessa, tirou proveito durante tôda a feitura da obra. Quase que ao mesmo tempo que era lançado em portu– guês o estudo do professor Pierson, publicava a Livraria Martins, de São Paulo, o livro de Wanderley Pinho - "SA– LõES E DAMAS DO SEGUNDO REINADO". Alí está o re– trato fiel da vida social da velha Bahia. A descrição dos salões do século XVIII; das salas do Paço dos Governadores e Vice Reis; dos bailes suntuosos, onde os nobres da terra faziam alarde do seu bom gôstc; e bonança. Revela Wanderley Pinho, com aquela abundancia de detalhes que traduzem a indole do h istoriador e não escon– dem os impulsos do poeta, cênas romanticas da época, Do tempo em que os madrigais tinham o perfume das flôres e faziam corar as faces das donzelas. Daquela fase dos leques de rendas, dos babados de linho e dos albuns de poesías, onde os moços apaixonados traçavam em versos, o que lhes dítava o coração. Wanderley Pinho revela o segredo de alguns desses al– buns. O da Viscondessa de São Lourenço, onde Antônio Joa– quim Pires de Carvalho escreveu estas estrófes : "Se eu pudesse Rompendo do ar as transparentes gazas Uma pena tirar das brancas asas De algum mimoso Serafim dos céus · Suplical'Ía ao Sol um de seus raios ' e na lamina cerula do infinito ' Deixaria teu nome excelso escrito Junto' ao trôno de Deus ! Mas já que não é dado ao pobre vate Erguer seu vôo às regiões serenas Onde os anjos sacodem suas penas E o astro luminoso mais fulgura, Consente que em tuas mãos depositando Um ósculo respeitoso obediente Êle gz:ave seu nome humildemente Nesta página escura." Eram assim os brasileiros da Bahia do século XIX, com aquêle romantismo, aquela v ida social que os cronistas re– velaram, n a época, e Wanderley Pinho r ecolheu na sua obra opulenta e instrutiva. Na "HISTóRIA DE UM ENGENHO DO RECONCAVO" surge em t ôda sua plenitude, o historiador sério, opulento no narrar e na apresentação de documentos substanciais. É tôda assim _a obra _de Wanderley '.Pinho, que fui encontrar como Prefeito d a cidade do Salvador, quer seja traçado em "SABINADA", em "COTEGIPE E SEU TEMPO'' ou em "D. MARCOS TEIXEIRA - o quinto Bispo do Brasil". _ Os ensaios publicados pelos histol'iadores baianos, nês-

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