Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 45 No Ginásio Pais de Carvalho est á a vida do grande mestre . Espírito jovial, nunca deixou de viver na estima de cada a luno. Afá vel por natureza. n ão obstante aquele ímpeto a assemelhar-se ao rebent o de uma tempestade, Remigio, dentro do u eito, trazia um coração de cordeiro e as suas atitudes verticais fonim o crisol em que se fundiu o ouro da sua magnanirnir1::id"' . 8P o mPstre não teve a t risteza de ser amargo par::i nin-ruém, nBo conhecendo a inveja nem a vin<rnnca, como hoinem. uai ou amigo, teve a inequívoca felicidade de ser infinitamente bom. Aouele seu c:n"cterí!':t.ir.o hom 1-\uinor fez-se uma faceta especial da snA. vida . ConversAndo. ou mesmo examinan– do os seus alunos. vi<i-!'P. flutu<>r a. sn<i alma exnan !'iv::i.. Permanentement.P. bem hnmorAclo. uarP.ce aue em t udo PAirava um motivo ua r::i. exo::indir a. A1°0-ri::t do se1t esuí– rito . Assim, desnido de aualcmP1· ma1r1ade. hàbilmente, crisma.va os amigos com os apelidos mais jocosos e inte– ressAntes. Professor emérito. latinista dos nrn is nuros. escritor <'.intila.nte. critico consciencioso. arlvoe-ado ilust,·e. .iorn<1.– lista de aurumn imner.ável e noeta do.e; mais lidimos da t.erra . R.emigio FPrmmdP.:,:, tnd::t a swi. vidll. vêmo-la numa cledicacão ao ensino . No a fanoso labor de inst ruir a ju– ventude. através de mais de ouarenta anos rl.e atividade ininterrunta. t riunfou uela cultura, venceu pela inteligên– cia, pela lealdade e pelo caráter. Como Platão. num convívio alegre com a mocidade, ilustron _iovens de várias gerncões. sem fugir d::t diretriz traçad::i. e a sua vida como educador foi a semelhança da sua vida. dentr o do lar. Afive}['ndo os broquéis de uma integridade inconsutil, o velho mestre fez-se a piedade que acaricia, a indulgên– cia aue entern°ce, que amuar a e ahençoa, como o perdão das anistiAs. E o reflexo desta verdade está n a consagra– ção daquela manhã do seu sepultamen to . Homem de pensamento no sentido mais forte do vo– cábulo, o v1merando b:u-do, no la r, entre a carícia da es– posa e o afago dos filhos. viveu n a hipnose luminosa dos sens aua tro milheiros rl.e livros. As estantes esoalhavam-se pela. sala de visita. O11tr as, transforma das no seu tesou– ro, lá estavam na sala ele jan tar. Obras em francês e ita– liano. em inglês e castelhnno. Obras sobre história, sobre literatura n acional, por tugnesa, esoanhol::i. e de outros po– vos. Livros sobre Filosofia . sobre a límrna índigen fl. : gramáticas e dicionár ios de tôdas as espécies e de todos os idiomas. Aqui. obras sohr e a Grécia. : alí, dos escrit o– res latinos. dos filósofos e sábios da A.ntiguidade : dos gê– nios da Renascenca e dos ooetas de Franca, dos trovadores de Espanha e dos rom:mcistas ma.is ilustres . Aquelas esta.ntes er:im <'nmo um ::i.ltar. onde ele, lem– brando um druidA. solitário. ia a cada instante rezA.r a sua 1Jrece de fé. Ali submergia . como um embriae:ado. alma embevecida na grandeza mística da Arte . Ali conviveu com os clássicos, aprofundou-se em Filologia e, como um
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