Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS palaces sunt uosos, onde as orquestras ensurdecem e en– louquecem com os ritmos modernos . Em meio ao estrépito das baterias dessas orquestras, eu distingui o timbre inconfundível e, para mim, inolvi– dável de um pífaro, que fez desaparecer tudo o mais, dei– xando em t ela apenas a "Taverne de la Paix", pequena boite onde os universit á rios de Lausanne se congregavam pour faire la noce. • O grupo tle brasileiros, numéricamente pequeno, er a rico em animação e simpatia, o que lhe valia constituir o núcleo em tôrno do qual se confundiam, além do único português que, na ocasião, lá estudava medicina, os co– lombianos, os bolivianos, os argentinos e até os egípcios. - Concentração às 8 horas, em Saint-Fr:m çois. - No quiosque? - Em qualquer ponto. Quem entrar na praça, seja por onde fôr, assobiará os primeiros compassos do "Vem cá Mulata". E a noite chegada, os assobios brasileiros acordavam os pombos agasalhados nas torres da igreja e faziam sor– rir o guarda municipal. O bloco reunia e seguia para a taverne. Noel! Nouvel an ! Os flocos de neve tombavam e a bombe explodia . Serpentinas riscavam os ares, garrafas de espuman tes eram desarrolhadas ruidosamente, a a le– gria esfuziava e nós cantávamos com Chevalier, com Mist, com Gaby, canções que não voltam mais - I ain't nobo– dy's dearling, La Java, Machinalement e canções que já v.oltaram - C'est mon hon'lme, La Violettera. Fechada a taverne, as canções difundiam-se e passa– vam a per turbar a quietude de Saint-François, do Grand Pont e do Grand Chêne, até encontrarmos o primeiro guarda municipal. É o guarda municipal suíço sempre um homem consciente de seus deveres e dos direitos dos de– mais cidadãos, sempre disposto a condescender com a a legria desbordante dos estudantes, mas sempre resolvido a fazer respeitar o sossêgo público, consequentemente sempre uma autoridade estimada e portanto, obedecida, de modo que unicamente com sua presença, restabelecia o silêncio necessário ao sono dos que labutam pela vida, du matin au soir. A nevada prosseguia e a noce se avolumava, dentro em mim. A "Taverne de la P aix" e o Grand Pont esva– neciam-se, dando lugar ao Charmettes e às pontes pênseis, quando sob o domínio de Momo. Sim, porque a taverne, boite de um cantão protestan– te, não conhecia o carnaval. Para brincar na festa que– rida dos brasileiros, éramos obrigados a emigrar e eu pre– feria ir para Friburgo, onde encontrava Marcondes de Matos e o Charmettes com seu vasto salão de bailes, onde era impossível dançar-se, tal a massa humana que costu– mava aí comprimir-se, no festej ado tríduo e com seus ga- . binetes indevassáveis, nos quais a entrada custava uma ~ .gar~·afa de champanhe, I

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