Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 179 MAUSOLEU DE ACILINO DE LEÃO Homenagem do govêrno e do povo do Amapi ao ex-Presidente da Academia Paraense de Letras. O govêrno e o povo do Amapá prestaram no dia 7 de outubro de 1951 expressiva homenagem à memória de Acillno de Leão, natu– ral de Macapá, fazendo a entrega solene do seu mausoléu à famí– lia do ilustre morto, no cemitério de Santa Izabel. O mausoléu é um trabalho admiráv el, todo êle feito com ma– terial do Território Fede ral do Amapá e com operários macapaen– ses, espe cialmente vindos para Belém com aquêle objetivo. Uma única inscrição se lê, simples mas eloquente : " Homenagem do JJOVO amapaense ao dr. Aclllno de Leão". E esta gravação foi feita e trabalhada inteiramente com manganês do Ama)Já. A cerimônia teve lugar às 9 horas na n ecró)Jole de Santa lzabel, onde repousam os res tos mortais daquêlc e xtinto professor e mé– dico, cx-)Jresidente da Academia Paraense de Letras, e em com– binação com esta. Numerosos a cadêmicos c ompareceram, além de destacadas famílias de nossa sociedade b em como elementos sim– ples do povo humilde no selo do qual Ac lllno de Leão gozava de grande prestígio. Inicialmente falou, em nome do govêrno e do povo do Amapá, o dr. Raul Monteiro Valdez, que pronunciou o seguinte brilhante discurso, aqui publicatlo por decisão unánlme dos acadêmicos em sessão realizada depois da cerimônia no Cemitério de Santa. Izabel: Senhora Dona Amélia Ribeiro de Leão : Sou portador de uma honrosa incumbência de )Jarte do Go– vernador do Território Federal do Amapá. Quis o Major ,Janarí Gentil Nunes, que cm nome da adminis– tração e do povo ama)Jaensc, contando com a valiosa colaboraçlio, jamais negada ao Ama)Já, da Academia Paraense de Letras - na singeleza desta solenidade que tem por cenário a austeridade fria !los mármores e o silêncio expressivo e divino das cruzes dissemi– nadas J)Or esta vasta necrópole povoada de saudades infindas - lhe fizesse, Senhora, a entrega do mausoléu onde repousa, após um longo e exaustivo pe rlustrar pela seára da virtude, o vosso ilustre e amantíssimo esposo, dr. Acilino de Leã o. Acatei como uma determinação o convite formulado pelo Go– vernador, sem embargos e certeza de se a outrem confiado maior brilho e expressão daria a esb. homenagem, porque a escolha me )Jarc ccu baseada no longo trato mantido com a nobre gente amapa• ensc e o seu Govêrno, eis que dele integrante até h á pouco, e na estima e admiração que sabia nutrir pelo mestre imortal. Realmente, como a todos os que tiveram a ventura de conhe– cê-lo, a invulgar personalidade d e Acllino dé Leão sempre me lm• pressionou respeitosa e profundamente. Num instante universal de ódios e amarguras, em que se auto– erguem ídolos de barro com audácia vertiginosa e se apedrejam g raníticos vultos, na escalada das ambições biantes ; em que se semeia o descrédito e se procura implantar a indignidade, nas lutas lle interêsses inconfessáveis ; cm que se t enta destruir as mais cara tradições cristãcs que são o alicerce do organismo social, na a spiração da licenciosidade ; em que os Arctlnos são festejados e esparrama a dúvida feita e strada la r ga para o cáos onde chafur– dem o amor, a honra e o caráter, é sempre agradável acreditar em alguém que nã o nos desiluda, poder confiar cm quem , ex ornado de peregrinas condições morais, nos traga confôrto, alimento e sere• nidade ao espírito. Vislumbrei-lhe as qualidades. Li o que escrev ia. Ouvi o que dizia a sua palavra oracular. Assisti às suas aulas. Acompanhei-o à distância, na sua n1a.rcha constante e harmoniosa, atendendo aos chamados dos doentes da cidade e dos subúrbios mais longínquos, ln• diferente às intempé ries e à fadiga . Observei o seu comportamento político, visando o bem da terra comum. E nessa tendência impera tiva da natureza humana de ava liar, m e clir, estabelecer diferencia ções e paralelos para interior julga. mento e melhor classifl!)ação das Individua lidades que nos tocam à sen sibilidade, encontre, em sua profícua existência no confronto de outras vidas, um oásis em m e io ao deserto causti~ante, um uni• ve rso de devotnment9 e lle dlca~ão, 'IQJla t11nie vj.va de J.nsJJlraçlio o adnrt6DcJa.

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