Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

16 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSS DE LETRAS uma harmonia perfeita daria a vida excelente . Se não existissem no meio outras variações que aquelas a que o organismo tem a opôr mudanças acomodadas, e se lhe não sucedesse de lhe opôr insuficientes, a existência eterna seria realizada. A morte por estrago natural sobrevém porque na ve– lhice a conexidade entre a assimilação, a oxidação e a génese de fôrça que se fazem no organismo se afasta pouco a pouco da conformidade com a relação entre o oxigênio, o alimento e a absorção de calor pelo meio. A morte por moléstia ocorre, seja quando o organismo é congenitamente dotado de fôrça diminuta, incapaz de contrabalançar as ações externas comuns pelos atos internos ordinários, ou quando um feito exterior insólito se dá sem que haja manifestação intestina que lhe responda. A morte acidental implica certas muta– ções mecânicas vizinhas, cujas causas escaparam ao enten– dimento por falta de atenção, ou eram de tal modo compli– cadas que seus resultados não puderam ser previstos : em con sequência, certas relações orgânicas não se conformaram às condições do meio ambiente. Desta maneira se vê que a sentença de Spencer no de– finido da vida procura ser completa, e por todas as bandas ajustada e suficiente. Uma definição que deixei para o fim, seduz pela curteza e simplicidade. Elaborou-a o saudoso professor Pizarro, de que acima falei - "A vida é a resultante da instabilidade molecular do protoplasma". É uma compreensão mecânica da vida. O protoplasma é um corpo mui complexo que existe na natureza ; sua composição química é conhecida ; nela entram C, O, H, Az, S, Ph, Cl, K, Na, Ca, Mg, Fe, Si, Fi,. O que o distingue, quando vivo, é a troca incessante de materiais com o mundo exterior : o movimento de composição e de de– composição determina a constante instabilidade de suas mo– léculas. Ao mesmo passo que se d á esta circulação de matéria no metabolismo orgânico, d á-se uma verdadeira circulação de energia, que é a manifestação exterior da vida, a chamada fôrça vital. De maneira que o protoplasma é, no seu deslo– camento molecular perpétuo, um reservatório de fôrças de tensão, que, a diferentes influências, se tornam livres e apa– recem sob a forma de ener gia cinetica (trabalho, mecânica, calor, etc.). Assim a palavra "resultante" tem aqui a ver– dadeira significação mecânica : a instabilidade do protoplas– ma desprende, em vario sent ido, ener gias ou fôrças simul– taneas, que produzem por composição uma fôrça única, a sua resultante, que é a vida. Quando o protoplasma passa dêsse estado de instabili– dade molecular para uma posição fixa, estável , das molé– culas componentes, dá-se a "morte". E ssa definição afigura-se-me a melhor porque considera a vida na sua manifestação primórdia, que é no protoplasma celular. Todos os ser es provêm d e uma celula : ontogenetica– mente, dum germem proveniente de um genit9r (mnne vl- L

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0