Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

174 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS CEGONHA DO LAGO SAGRADO Abguar Bastos Depois do sono bom, depois do frio, virgens esquivas elas vêm, serenas, sacudir o luar que está nas penas sobre o lago sonâmbulo e vazio. (Sócio correspondente, em S. Paulo, da Aca– demia Paraense de Le– tras). Então, frauteando sons pelas avenas da garganta do pássaro erradio, elas, das plumas novas no arrepio sonham, de asas ao sol, graves e amenas. Filhas meridionais das luas dagua, tontas, paralisadas na comprida missão lacustre de entender a mágoa, elas são como as lágrimas de aljofre que ficam, palpitantes, tôda a vida sobre o lago dos olhos de quem sofre.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0