Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

168 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS tó ria. A beneficência social e privada dilatou-se ao seu influxo. A industrialização da pena é uma das s uas m ais belas conquistas. Uma mais vasta irradiação de justiça e bondade vai aquecendo o mundo. Mas a sua obra desaparecerá com a sociedade política que ela combateu. Na democracia brasileira, sem caráter, sem fôrça n em beleza, êsse movimento tonificante ainda não apareceu. A ge– ração precedente foi indolor, indiferente, impassível. Machado de Assis, Olavo Bilac, Coelho Neto, Alberto de Oliveira tinham a visão plástica ou humorística da Vida. A visão psicológica, apaixonada e comunicativa, nã o era a característica dessas almas de puros a rtis– tas. Nascidos sob circunstâncias diversas, os escritores novos tra– zem à Vida uma comoção diversa e à Arte uma estética diferente. Já se pode prever o momento próximo cm que os a rtistas da gera– ção nova aplicarão ao estudo de nossa sociedade, ainda confusa, os enérgicos processos de evolução e a nálise que vibram nas obras dêsse caráter. O tem1>eramento nacional dará a êsse movimento a eloquência de seu lirismo ingênito unido à observação aguda, e livros surgirão de uma beleza nova. Que são os ataques do momento, que são efem c ros em arte, êles mantenham sempre vivas a simpatia humana, que enobrece e magnifica, consola e cria a v ida, semelhante a es•;a planta de que fala Balzac, na admirável canção vernal do "Lys dans la Vallée", cuja corola afrodiziaca comunica a embriaguez da fecundação.

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