Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

164 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS viei-me, e vi-a soluçando inclinar-se sôbre o leito, donde os vultos negros se haviam afastado. Por um momento aquela an i;ústia me perturbou ; parei, indeciso, olha ndo aquela dor irrefreável, a quêles soluços e a quêles gemidos de uma alma dilacerada. Duas mulheres, entretanto, penetraram na alcova e arrastaram-na pelos b raços. O cadáver apareceu-me então, d esolado, distendido no leito, rodead o de círios fúnebres. Afastei-me ; Edmundo Estcvão já n ão existia. Ao transpor o limiar da porta, detive-me a contemplar a. noite, que era profundamente negra. Os meus olhos demoraram-se a ver e a sondar a escuridão. Na noite ouvia-se o palpitar de asas inv isivcis ; uma alma parecia atra– vessar o espaço e abalar convulsiva1ncnte a treva. ..

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