Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)
158 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS EXCESSO DE CRITICA De REMIGIO FERNANDEZ Remíglo Fernandez, ultimo ocu– pante da cadeira n . 3 - "Acrislo Mota" O ma101· inconveniente que acompanha a todas as revoluções são. os excessos de todo gênero, postos a serviço duma causa boa . A quando a imortal revolução francesa, n ão bastou a derrocada do trono milenário, nem saciou àquela gente h eroica e comovida a proclamação e o reconhecimento dos direitos do homem, já vito– rioso e remido, de pé sobre a vasta ruína das vetustas e odiosas distinções de castas. ' Depois de esboroado o velho edifício social, sobreveio o tumulto que maculou ignominiosamente a grande obra dos enciclopedistas. As paixões transtornaram a ordem serena, democrática. Um prurido radical e violento de reformas veio substituir a marcha normal dos acontecimentos . ) O espírito novo queria extinguir a lembrança do passado, im– P antando uma filosofia e uma consciência novas. Era a demolição absoluta. Os novos Romanos, incendiados pelo verbo de Catão, renova– vam a terrível legenda contra Cartago. Das instituições sociais passou-se à história, à filosofia, à re– ligião. Nenhum conceito antigo, nenhuma herança deveria conti– nuar na reconstrução social que surgiria dos escombros da humani– dade pretérita. Dessa bárbara razzia pelas regiões da história, abarrotadas de grandes feitos e miseras façanhas, numa esturdia confusão, nada ficaria como era. Tudo receberia uma natureza e um julgamento dis tintos. O vendaval que sacudiu violentamente e desmoronou pela base os torreões de bassalto e bronze que asseguravam o despotismo das classes privilegiadas, vinha das páginas da Enciclopedia, a nova Bíblia humana, verdadeiramente. Era tudo isso, entanto, uma simples transição. As revoluções são como tempes tades . Passam aqu elas e deixam vestígios duradouros no desdobra– mento dos anais. Passam est11s e acusam a s ua passagem nos sulcos que impri– mem na terra mole e na estagnação abundante de águas pelos pân– tanos e planuras . .l:intre as auc;l<\çi11s extrein'1s d,1 critica iconocl<1sta, figur11 a ne• 1
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