Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSÊ DE LETRAS 139 O FERREIRO (Poesia íntima e autobiográfica) N!mca pude esquecê-lo. Forte e belo, aos olhos da saudade êle retorna, desferindo com o pêso do martelo as sonoras pancadas na bigorna. DE OSVALDO ORICO E quando, levantando as mãos, trabalha, vejo no seu trabalho matutino o aço corar de medo, na fornalha, e o ferro obedecer como um menino. E, na forja, o carvão áspero e bruto acionado por músculo possante, trocar a negra túnica de luto por fugitivas chispas de diamante. Junto à bigorna, olhando-te altaneiro, uma pequena testemunha havia que te ajudava, 6 velho e bom ferreiro, a ganhar o teu pão de cada dia . Hoje são mudos a bigorna e o malho, o ferro não tem sôpro nem tem brilho, mas a vontade santa do trabalho canta na alma e no sangue de teu filho. Chama de amor, humillma e opulenta, vindo com ela, vou para onde vai. li: a têmpera da luz que me alimenta e que eu trago da forja de meu pai.

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