Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

12 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS ó t~, que fecundando a Morte, tua amada, Deste o ser à esperança, essa louca abençoada. ó Satan, compaixão para a minha miséria. Tu, que dás ao proscrito o olhar calmo e solene Que irrita, em torno à fôrça, a multidão infrene ó Satan, compaixão para a minha miséria. Tu, que conheces tudo, os abismos e as luras Onde Deus escondeu suas gemas mais puras. ó Satan, compaixão para a minha miséria. Tu, cujo olhar descobre, ocultos sob a terra, Os arsenais da morte e as armas para a guerra. ó Satan, compaixão para a minha miséria. Tu, cuja larga mão desvia os precipícios Aos sonâmbulos, a erràr, no alto dos edifícios. ó Satan, compaixão para a minha miséria. Tu, que consertas do ébrio os ossos massacrados, Do ébrio, apisoado por cavalos desenfreados. ó Satan, compaixão para a minha miséria. Tu, que para livrar o homem que se tortura, Do salitre e do enxofre inventaste a mistura. ó Satan, compaixão para a minha miséria. Tu, que na fronte vil dos Cresus, impassível, Puseste o teu sainete eterno e indestrutível . ó Satan, compaixão para a minha miséria. Tu, quc;i no coração e no olhar das mulheres Pões a cobiça, a intriga e o gosto dos prazeres. ó Satan, compaixão para a minha miséria . Dos proscritos apoio e luz dos inventores, Confessor dos truões e dos conspiradores. ó Satan, compaixão para a minha miséria. Pai adotivo, pai dos que o rancor divino Abandonou na Terra, ao seu próprio destino . ô Satan, compaixão para a minha miséria ,

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0