Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)
iEVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 135 cias e letras, de mistura com gerais conhecimentos outros de im– prescindíveis serventias int electuais e que êlc acertara difundir nos trab:llhos que elaborava, cin prosa sadia e escorrcita, e nos quais sé estampava a facilidade da produção, sempre suculenta, sem1ue sCdutora e agradável pela escolha dos assuntos. Prosa que se não emhotara, no sabor cotidiano do linguajar burocrático. Era um jovem e já era um n1estre. Viera andando intrCpido, fronte erguida, pela estrada, que fõra un1a vereda estreita e que o pai cauteloso - braçal persistente da intelectualidade, - transformara em larga ro– dovia, que ru1nava às melhores searas das idéias, e aonde dicipulos e filhos seu s iriam encontrar, brilhando ao sol da inteligência, o · trigo loiro, que se ::unassa, cantando, para a páscoa do homem de cultura para a 1nesa de un1a con1unhão con10 esta, que aqui esta– tnos realizando, nesta prilneira invocação a êssc irmão em Deus e na Glória ela Vida Eterna, ou seria na sublimidade da ressurreição ccclificada nas escrituras sagradas. Não sou um blásfemo, não intento h e resias nem pragas, mas, o que é verdade irrccu súvel é <'tUC, nesta hor:i, ar111i neste t cn11>!0 o racular das letras, esta.mos a comungar q;na hóstia de saudade, advinda de golpe l'atidico tremendo, que enlutou o mundo cu!to do Par:í e cobriu de crepe, os nossos cora– ções que a inda se contorcen1, se confrangem na amargura de dolo– roso constranghne nto. E com o continuan1 sangrando as feridas da nossa alma, deixemos que a üo r se abrande, pa ra mais t."l.rdc vol– tarmos à procura da im:i; ein diluíf.la cn1 nossa v isão terrena . .. Que vale repetir, m esmo em lágrimas, episódios da trajetória de Paulo pelos estudos, pela sociedade, J}elo labor público de sua profissão, pelo seu caminhar fraterno ent re nós déste cenáculo ? Tudo um 1iasseio de menino e jovem, que durou um minuto para seus pais, um lampejo de rclf,mpagos para sua esposa e filhos, un1 in'stante fugaz para cs seus con1panhc!ros que sonham entre pare– des, que era1n também a cela onde florian1 os seus anelos de ceno– bita das letras, o oratório, frente ao qual ajoelham 40 malsinados dos desJ}eitados e ignorantes, dos bufarinheiros da inveja, 40 cami– nheiros infatigáveis da cultura, que trabalham, lutam, martelando na bigorna em que se tempera o aço da imaginação que plasma a beleza da forma e co11strói a !déia que fecunda a hora presente e faz germinar a semente seléta que dará frutos rácimos, saborosos, no amanhã próxi.mo e no amanhã recuado, distante, que há de chegar um dia, na música das C;lVat.in~., do além, que o tempo nos trará em J1omcnagem à Imortalidade e a inostrar, a confirmar que a inteligência é imperecível com os seus fulgores inapagávcis. E sigamos o comJ}anheiro. Paulo exercitou, c1nprcgou suas inclinações de escritor, na im– prensa, como jornalista e em estudos especializados de História e Gcncalos ia, irradiando o s seus conhecin1entos, não só pelo ambiente nacional, pela vida brasileira, como por paragens estrangeiras, fi– xando aspectos curiosos, co1n interpretação 11erso11alissima convin– cente e m ergulhando cn1 nossa ancestralidade, na revelação consci– ente e apreciabilíssima cios nossos antc11assados, do que êles foram, do que fizeram, do que êles nos legaram de dignidade, de honradez, de vida honesta e Iin1pa ; de patriotismo ; de brav ura nas conquistas, na edificação da nossa nacionalidade, grandes e heróicos até ao sa– crifício, J>lantadores dos marcos irrecusáveis, dos lindes extraordi– nários c1ue determinam a g randeza territorial dêste Brasil imenso e querido, que cm cada Estado pode fazer vibrar o grito do poema de Alvaro 1\1artins, o e ntusiástico nordestino, quando exalta o fa– moso conquistador português, o aJ}aixonadQ noivo de Iracema : Martins Soares Moreno ; De Cavalheiresco ardor ; Por a1nor de índia formosa; Fundou a terra ditosa ; Da liberdade e do amor. Nosso companheiro Paulo Eleutério Fillto 11ercorrcu cumo um ajivinho, como beneditino t eimoso da ve rdade, todos o; meandros intrincados dessas paisagens da form ação da nossa vida do povo. Foi um pesquizador metódico e honesto, que se impôs em todo o país, como dos mais abalizados e esclarecidos dos estudiosos nesse ramo especializado de cultura. Seus trabalhos são bastante conhcci– llos e apreciados, nas 1rnblicidades <J.Ue tiveram em jornais, revistas
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