Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 123 sões generosas", bem como aquela lamurienta confissão do "fenomeno fisiológico•· que o levou, "após dezoito meses de privação sexual e aos quarenta anos de idade, a sucessivas descargas no gargalo da garrafa posta na beira da cama, sem prazer e sem satisfação", revelam, por si sós, a atormentado– ra degenerescência do homem superior que, porcamente, dei– xou na flôr da terra pegajosa, "sem a precaução do gato manso e leve como a sombra", os esprimidos nausea– bundos do seu bilioso intestino intelectual e que, por !":erem fézes de moribundo, deviam ter ficado sepultas no mesmo buraco abrigador do corpo em decomposição, comido de vermes e alimentando árvores. Profilàticamente, se tal houvesse acontecido, marginando louvores, as intimidades do lar honesto e as fraquezas dos camaradas sinceros havidas em confidências, teriam ficado no olvido, sem dar ensejo a , repulsas acrimoniosas no rebatido dos golpes traiçoeiros, que sómente lhes deram vantagens por terem sido usados por de– funto mediunicamente encarnado. Em meio its críticas rebai– xativas, correntiamente escritas e impiedosamente arranja– das, uma ou outra fantasia aristocrática, elegantemente for– jada, de par com romanceados de meia tijela, satisfazendo-lhe o complexo da vaidade sinuosa, alargada por todos os can– tos, sem complacências e sem desculpas. Duas criaturas boas, das inúmeras que lhe foram devotadamente íntimas, escapa– ram, in totum, ao veneno do seu fél : - COELHO NETO e MAGALHÃES DE ALMEIDA ! O escritor e o político, êste mais do que aquele, sobra– ram, como valôres, no conceituado intolerante do Mestre exigente, que não perdoou a ninguém, p~lo muito afortu– nado e pelo muito padecido. Outros, caleJados pelos desa– lentos e com mais sobejas razões, não foram tão desuma– nos, elicrevendo humanamente, quanto HUMBERTO DE CAMPOS, figura exponencial que se d~sfigurou no arremate infeliz da sua imperecível obra, esculpida com arte persona– l!stica e, incontestàvelmente, das maiores do Continente. Dezembro de 1951.

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