Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

. , REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 121 t~s e d~struindo criaturas ~ingelas, que lhe passaram pela vida ag_it~da ou lhe deram prazeres confortadores. Tangido pelas dificuldades que lhe atapetaram o início da carreira vitoriosa e com vontade firme de progredir, cauteloso e de– fensivo, atendendo, a seu modo e a seu jeito, os poderoiios do dia e por êlcs, retribuidamente, agradado, com conversas amáveis e elogíos sibilínos aos companheiros da escalada a l– taneira, foi se aprumando, valorizadamcnte, para chegar onde chegou, deixando rasto luminoso do seu saber polimor– fo, abrangendo horizontes longínquos, sombreados pelas re– ticências estagnantes da sua egolatria indomada e prescin– dível. A unidade de objetivo, servida por uma surpreenden– te vocação, alargou-lhe o caminho, afastando· pedras e o con– duzindo à meta ambicionada. Poeta vigoroso e escritor apri– morado, se fez notável, alcançando gl.Srias e recebendo aplau– sos. Por vezes, causticante e su;.,erfici.:!lmente bondoso na sua descrença pagã, não soube se co,trnl:\r, fugindo aos de– sabafos estonteantes ou tangenciando verdades corrosivas. Desmandou-se, impenitentemente e, sob ironias avassalan– 'tes. cres~eu para se diminuir, no atir;,do da lama e no usu– fruido dos favores. . . Com pai pobre, mas de família rica, a mãe carinhosa jamais dele se esqu:.:1.:cu, chorando as des– venturas cruciantes do afugentado correndo, sofregamente. em busca da fortuna, que não lhe fo.i madrasta. Do nada, foi às :2lturas. galgznda posiçõ2s, co:11 d ~smedida pertinácia e :.;egurança de vôo. Condor, pousou onde quís, dominando o l-ispaço. Aprendendo e apreendendo, se:,1 per der oportunida - des e lutando, bravamente, para conqubt.::.r em tôda linha : - caixeiro de balcão em S. Luiz, plantando cajueiro em Parnaíba e guarda-livros no Pará, perlustrou os sombrios seringais da decantada Amazônia, e, após colaborar na "Fo– lha do Norte", recomendou-se ao Velho Lemos, que o fez secretario da Prefeitura Municipal de B~lém, amparado por Elizcu C:::sar , o negro gigante que, pela~ colunas d'"A Pro– vincia do Pará", fulgurou sua pcnu c:;:orregadía, atraindo :eitores e, nos comícios públicos, i,oveJou o se:.i verbo elo– quente, dominando multidõe!õ ! A bondade inata do escaveira– do Jaime Calheiros, cuja modéstia acalei1tava ingratos n0 repartido dos proventos e no ficado das culpas, contribuiu para o transposto do obstáculo de última hora, quando se passou, com armas e bagagens, para a situação dominante, trazido por Alvaro Adolfo e Romeu Mnriz, desvelado ami– go das horas incertas e dos que mais o ajudaram no subido dos degráus. . Do seu tempo e do seu meio, por estas paragens fertili - zantes, Fraga de Castro, Carlos Dias Fernandes, Celso Vieira, Castro Menezes Romeu Mariz, Alves de Sousa, José Chaves, Teodoro Rodrig~es e Chermont de Miranda e muitos outros, credenciados no jornalismo e n.a literatura. E, assim, inci – piente e quase desconhecido, com o 29 de agôsto de 1912 in– cendiando almas e propriedades, foi-se de nós e para nunca mais, que não mais nos visitou, o poeta magnífico que, no Rio, havia de ganhar tôdas as paradas, tornando-se um nome nacional no mundo das letras e no cenário partidário - es– critor profissional e político diletante. Recomendado, fra– ternalmente, por Heitor Castelo Branco e Felix Pacheco,

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