Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

118 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS SAUDAÇÃO ACAD~MICA Rodrigues Pinagé. Grato pela deferência da escolha. Eu aqui não estaria para o uso da palavra descolorida se te escasseasse o mérito dos eleitos da Poesia. Entre nós há uma certa afinidade moral e notável tendência, que classifico de virtude, à repulsa sistemática da vitrine. Materialmente pobres, acordando com as auroras para o pão às vezes temperado de angústias, se antes não saimos do arraial das nossas fantasias, muito menos agora, quan– do principiamos a sentir os pesares dos aniversários nata– lícios - passos intervalados de rumo certo ao túmulo - a vaidade nos levaria à extravagância da auto-propa– ganda. A Academia abriu-te as portas, e as saudações que te dirijo são dela, deslumbrada e satisfeita por te haver as– segurado quinhão justo de imortalidade. Ajoelhemo-nos, portanto, à semelhança do pastor in– diano, para a homenagem à luz. Tua mesa está cheia de pomos, e serás o primeiro a entoar a oração dos que se banham na pompa radiosa das glorificações terrenas. Reza, espiritualmente, reza e canta depois. O canto é a vida, gorgeio de fonte liquefeita no sangue branco das ensolaradas murmurações do amor que · se expande .. .

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