Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

10 1&vfarA nÁ AcÁf>EivrtA t=>AnAÉt-isi;: óE! tE!inAs Maldito ! maldito seja vezes mil um tal govêrno que insaciável deseja céus e terra e até o averno desfeitos em ouro só ! ... Maldito, porque os legados de nossos antepassados, em vez de -serem zelados, são desprezados sem dó ! Sim ! maldita a Monarquia - aleijão de privilégios - , que cegamente confia aos fátuos caprichos régios a sorte de uma nação. Ao sistema - imperialismo, ao torpe maquiavelismo d'El-Rei, Senhor - Egoismo, maldição ! Sim, maldição ! ... Dorme, cidade e, em teu sono, sonha os fulgores de outrora ... - Veneza já teve um trono, já foi dos mares senhora e às nações já leis ditou ; mas, hoje . .. êi-la: descansa, rememorando a pujança do fastígio, que a mudança dos tempos lhe arrebatou ... Dorme ! . . . Tens aos pés prostrado o rio-mar, bardo eterno, que entoa sempre inspirado ora, o canto mais· galerno, ora, os hinos do tufão ... Dorme aos sons das cavatinas das aves entre as cortinas dessas florestas divinas de teu risonho sertão ! Macapá (Pará) - Agôsto - 1889. Na república, continuou a decadência da cidade, des– cendo de importância a fortaleza, até completo abandono. O poeta, talvez, no seu próprio declínio, acabasse reconhe– cendo que o defeito não era do regime, mas dos homens e das circunstâncias. O marasmo de Macapá finalmente cessou na vigência do Estado Novo e o progresso continua no decorrer da nova República. A cidade renasce mais louçã, crescendo dia a dia, à ação dinâmica do governador do Território do Amapá, o eminente capitão Janarí Gentil Nunes. Quando chegar a ser a terceira cidade do vale, logo depois de Be– lém e Manáus, então se lembrará, saudosa, do nome, já lendário, do seu primeiro cantor. Belém, 1. 0 de Agôsto de 1948.

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