Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

... REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 117 Estado do Pará", ent ão instalado na "Cidade Velha", sob a direção dos drs. Fulgêncio Simões e Abílio Amaral. Em 1921, embarcou para Parnaiba, Estado do P iauí. De simples manejador de caixotins, ascendeu à banca re– dacional da "A Tribuna", órgão combatente, dirigido pelo coronel Epaminondas Castelo Branco, chefe político de no– meada. Decorridos três anos, vamos encontrá-lo como redator-gerente do "Diário de São Luiz", na capital mara– nhense, com o professor Nascimento Morais, em pleno go– vêrno de Godofredo Viana . No apogeu da carreira, a inteligência môça florindo ao calor das aspirações, Rodrigues Pinagé retornou em 1929 a Belém, dedicando- se à burocracia no int erior do Estado. Exerceu vários cargos públicos e atualmente - chefia o Serviço de Pessoal do Departament o de Estradas de Rodagem. "ASAS" E "TAPERA" Talvez pareça que me vou referir a uma planura abandonada, com enxames de bicos tagarelas. Bem ao contrário, as "asas" que eu espanto agora, são versos do menestrel potiguar, lindos e atra entes, ora líricos, a sus– surrar como fonte, ora parnasianos e de ima gens sober– bas, ricos de filosofia e de realidade, encaixa dos na mol– dura singela do ninho, que se pendurou, em 1929, do ga– lho viçoso seivado pelo talento de Pinagé, incontestàvel– mente uma organização vigorosa de poeta . Vejamo~lo num dos seus tercetos lapidares : Salva, ó José, com as t uas sidérias, essas almas, da vida pela estrada, n a procissão de tôdas as misérias . Foi o seu segundo livro . "Tapera" é uma coletânea de t rabalhos ainda inéditos. As mesmas características a denunciar que o artista de quadras emocion an tes per~ manece int angível na mocidade do espírito e na perfeicão da indument ári~, que n ã? enrija a forma e n em castigá o pensamen to. Sao leves a semelhança de gaze que a brisa ondula carinhosamente, a feiçoando-se à delicadeza da pena que a gra vou em surtos de inspiração criadora. Diz-nos êle nos dois tercetos da t ela vegetal do "Bu- ritiseiro" : "Fina garôa de cristal ensopa o leque aber to e, nêle pendura dos ninhos ovais de esper tos maribondos . Frutos mad~ros pendem-lhe da copa, como ao perto dos monges exilados rubros r osários de rubis r edondos. ,; . Eis o burilador de joias magníficas que o t elescópio do fülogeu escolhera en tre os astros da numerosa família de intelect uais do Pa rá, a fim de lhe assegurar merecida con– sagração - o talen to acima das conveniências que pertur– bam o curso dos julgament os .

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