Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

~ 116 REVISTA DA ACADEMIA PARA\::NS:€ D:€ LETRAS A poesia palpita em tudo quanto os olhos humanos alcançam, qualquer que seja o seu aspecto ou roupagem. Jesús revelou-se cantor na espiritualidade das doutrinas salvadoras. Nas cavernas de Roma, os cristãos persegui– dos rezavam a poesia da Fé. Nero envaidecia-se das suas produções ouvidas pelo sensualismo das favoritas, que se banhavam em leite de jumenta, e Petrônio, elegante a té na arte de declamar, seccionou a artéria, cantando. A poesia do Amor irradiou do sacrifício de Lígia acariciado pela paixão de Vinicius. Os próprios fragmentos da ne– bulosa incandescente, que se consolidaram no vácuo para a disciplina de corpos ao compasso da orquestra sideral, estereotiparam a poesia científica da transformação e do mistério, nesse milagre de equilíbrio e de movimento. A estada no planeta nos é já poesia de variações at ribuladas, mas n inguém quer deixá-lo porque o melhor poema é o que se escreve com o coração chorando. Observai os acentos desta reunião . Aqui, anda, numa sutileza de pluma, a poesia confortadora da solidàriedade espiritual, impregnando os ângulos festivo.s de nuances psicológicas, como se tivéssemos chegado de uma jornada tranquila, unidos, sem que a ronda exterior cuidasse de lhe descobrir os objetivos. Nas mãos, a palma consagratória do rosmaninho com que os fiéis ornamentam as toalhas brancas dos altares, buscadas no silêncio da floresta onde as borboletas descrevem a ciranda multicor das asas, para ornamentar a poltrona de um poeta caboclo, que trouxe das n esgas marinhas nordestinas a oscilação dos arenitos praia nos irriquietos na poesia escachoan te do vento. IDENTIFIQUEMO-LO José Rodrigues P inagé é filho de José Rodrigues Cur– sino, ex-sargen to do Exército, e da senhora Luzia Virtuosa fia Costa Cursino, ambos falecidos, tendo nascido em 29 de outubro de 1895, em Natal, a pequena metrópole que o Potengi banha. Fez os est udos secundários, indo até ao 3. 0 ano, no "Aten eu Norte", mas viu-se obrigado a a ban– dona-los em vir tude do falecimento de seus pais, para de– dicar-se ao trabalho. Abraçou a profissão de t ipógrafo no jornal "A República", da capital riograndense, funda– do pelo dr. Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, gran– de vulto de jornalista, e gerido pelo major José Mariano Pinto . Era apenas um adolescente nos seus 15 anos, como o fôra Humberto de Campos, ao ingressar no tablado fati– gant_e da subsistência, escravizando o braço ao serviço alhe10. Um ano depois, transferiu-se para Belém, aqui chegando em 26 de fevereiro de 1911 indo trabalhar na seção gráfica da "A Província do Pará:' o brilhante diário de Antônio Lemos, em cujas colunas po~tificaram talentos de escol, como Romeu Mariz, Alves de Souza, os irmãos Marques de Carvalho, J osé Chaves e outros vultos da im– prensa em nossa terra. Colaborou na "Revista Paraen– se", impressa na secão de obras dêsse jornal com Hum– berto, Vespasiano Rámos, Augusto Sousa e Ed~ardo Filho. Destruída "A Província", passou à tipografia do "O

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