Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

112 REVISTA DA A CADEM[A PARAENSE DE LETRAS MORTA De EUSTAQUIO DE AZEVEDO J. Eustaquio de Azevedo um dos reorganizadores em 1913 Entrei ontem na Sé, como um ladrão, com medo que alguém m e visse e fosse o meu maior ,segredo contar, como se conta um fato escandaloso . . É caso muito r a ro, é caso sem exemplo, um ímpio penetra r, cheio d e fé, num templo, e de joelhos orar, contrito a respeitoso .. . Dulce tinha-me dito : "A gente fica boa, quando alguém que nos ama uma oração entoa na casa do Senhor, pedindo a Deus por nós . . " Sonâmbulo acorda do, e u caminhei chorando em direção da Sé, e o orgulho meu quebrando, - r ezei, ouvindo a inda o som daquela voz . Todos dirão : - Mentira, um blasfemo não r eza . E m entira n ão é : - rezei; a minha r eza foi s ublime de fé, foi che ia de fer vor . . . prostrando-m e, beijei o chão do templo augusto, resp eitoso oscultei d e Cr isto o meigo busto, pedindo a salvação do meu primeiro amor! Quando, porém, v oltei contente do meu ato e entreabri sutil, com tímido recato, dalcova onde Ela estava a p equenina por ta . m ais u ma vez descri d o bálsamo que trazem ::is santas orações q u e os desgraçados fazem . - Dulce est av a sem côr , enregelada, morta ! (Do livro "Musa E clética", publicado em 1909, sen– do composto e impresso na Tipogr afia Santos, 62, Rua das Flôr es, ~4 - P ôrto - Portugal) ,

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