Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

,,. REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 111 Com um lugar brilhante e destacado entre os seus contempo– râneos, lembremos Ve$paslano Ramos. o desditoso cantôr do "Cousa Alguma" e o artista número um do tracadilho rimado : "Onde estás, minha calma ? Calma que outrora deslisavas neste recanto de minha'alma, por que desta alma desapareceste, por que te foste embora, minha calma ? Meu coração, meu desgraçado amigo, o que é feito de ti, dés que sentiste, - para ventura ou desventura minha debruçada á janela, quando passavas, ao clarão da lua, a linda imagem dela ? O que é feito de ti, concha pequena, que palpitas, guardando no recanto, a alma de flor da tímida donzela que eu tanto quero e que tu queres tanto ? O que é feito de ti ? pergunto ainda : Não me respondes ? Não ? Quando tu a viste. . . ah ! como estava linda ! Ah ! como estava linda, coração ! Vivias no meu peito, pulsando satisfeito, longe da luz do olhar que a nda contigo. E hoje, que a viste, vives esquecido ... e eu te sinto perdido, meu coração, meu infeliz amigo ! Porque se torna esquiva ao grande amor que fulge no teu seio, a morena, a mulher que hoje me priva de um momento feliz, e de quem veio, - motivo principal do meu tormento - a causa verdadeira dêste primeiro e grande sofrimento que me aparece com a paixão primeira Foge ? a temer, talvez, linguas amaras que falem de nós dois, almas unidas ? Que importa ! Há gente que namora às claras e muita que namora às escondidas ! ... Mas.. . eu não quero assim. Quero que todo mundo saiba que e u não me pertenço a mim, mas, te pertenço a ti, porque sou teu ! Sou teu por causa dés te amor profundo, que entre as mais fortes vibrações proclamo ! Como seria bom dizer a todo mundo que e u te amo I que eu te amo !" l_\'l'eus nobres e generosos ouvintes. De tanta riqueza espiritual, de tao honrosa e estimulante convivéncia, nasceu a minha vaidade de pertence r à Academia Paraense de Letras, com o apelido de poeta, porque adoto a poes ia glorificadora dos meus antepassados, a verdadeira poesia, a poesia imortal.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0