Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

102 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS lina, onde havia francos indícios de civilização soterrada, encontrou primeiramente, os vestígios de uma povoação com edificação e objétos, em tudo diferente dos Troianos. Essa cidade, verificou-se depois, havia existido mil anos antes de Troia. Continuou perseverantemente, o explorador, já animado pelos achados anteriores, atacando porém, uma camada mais alta do monte. E encontrou, enfim, os remanescentes da fortaleza in– cendiada, conduzindo dela, alguns utensílios os quais com– parou com os que se achavam em Micenas, levado por Aga– menon, depois da vitória. A Guerra de Troia, de que já passavam trinta séculoi;, não tinha sido pois, uma lenda imaginária, porém uma mor– tandade durante um decênio, em que o heroísmo, a tenaci– dade e ferocidade dos homens se evidenciaram mais uma vez. . O negociante tedesco concluiu afinal o seu extraordiná– rio trabalho de aproveitamento de relíquias, e reconstituição histórica, trazendo à vista dos seus contemporâneos, vesti- · gios da cidade heróica. . E foi com saudade que deixou aquelas paragens lendá– rias, tornadas celebres pela tradição e pela arte. Entretanto, uma atração impedia-o de se afastar do si– nistro monte coberto de arvoredos, onde o Passado era mui– to :maior que o Presente. • E de regresso, já longe, em pleno mar, conten:iplou pel_a última vez a costa sombría do Helesponto, descortinando ni– tidamente, com o descambar do sól, a elevação de terra que sucedia, logo após a planície. Então considerou com filosofia que ali é que tinha exi:.;– tido a cidade de Priámo, e as galas com que ora a enfeit~va a Natureza, serviam apenas para disfarçar as proporço~s enormes de um túmulo ... 1 ;,.;

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