Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 101 De quando em vez, apareciam nos países circunjacente,,;, levas de aventureiros retardatários. Er am os guerr eiros que ~é iam retirando de Troia, cuja cidadela haviam deixado ar• rasada e fumegante ... Foi senão quando apareceu 11a Alemanha, um comercian– te inteligente e cult o, entusiásta pela lenda de Homéro, que de u na idade mode rna, uma solucão ca bal à indecisão dos historiadores. · Sendo interessado numa loja de Amsterdam, economisa– va todos os meses, alguns florins p a ra pagar lições de grego, com o fito de poder lêr no origin al o seu poéta querido. Mas tarde, a fortuna lhe foi propícia. Na Russia, em há– bil giro comercial, avultaram-lhe os hav eres. Na ansia de embarca r , quase esquece a noiva, que tinh<1 sido na sua infância, a companheira de pesquisas sôbre o ex– t raordinário poêma. Mas casa-se, enfim. P orém, só em 1868, já viúvo, consegue liquidar os seus negócios, na então São Petersburgo, e part ir numa fragata grega que seguia para o Oriente Médio. Chegou à Grécia, v isitou ftaca. Micenas, e chegou ao ou– tro lado do mar. Aí depois das necessárias licenças do Go– vêrno Otomano, começou as escavações que o haviam de t a r– na,r celebre no mu ndo. :tl:sse homem ch amava-se Schliemann. Não era um sábio ou filósofo universitário, mas um simples mercador. Henrique Schliemann, filho dum camponês de Mecklen– bugo, na Alemanha, ouvira contar por seu pa i, a história de Troia. Essa narrativa suge riu-lhe a idéia de quando fosse ho– mem feit o, poder partir p ara a Grécia. a fim de descobrir a cidade lendária. Schliemann pois, ao defrontar os mares da Atica, sentiu como todos os maníacos intelectuais, uma comoção profunda, por visitar os lugares já t ão percorridos pelos vôos da sua imaginação ardente. Eram Andros, Tenos, Siros, P sira, Chilos, e por fim. Lesbos, as ilhas, que, com o coração aos anseios. ia encontrando n êsse ma r de Egêu - berço glorioso da civilização mediterrânea . Por fim, desembarcou numa sota , ao noroeste da Asia J\_'Tenor, e a qua l, pe las suas leit uras, devia ser o pa ís dos an– tigos dá rdanos. Logo adia nte se lhe depa rou uma elevação de t erra ocu– pada por uma grande plantação de cereais. Examinou o lo– cal, percorreu-o em grande extensão, e concluiu que alí é que devia ter exist ido a cid ade de Priámo. Movido pe lo entusiásmo, Sch iemann contratou um exér • cito d e t rabalhadores , e iniciou a s excav ações e p esquisas pre liminares. Resolveu atacar o monte p ela base, de– bastando-o em cam adas v er t icais. Êsse homem, que pelo se u ent usiásmo poético prestou grandes esclarecimentos à Arqueología, usava nos seus pro– c::s::o.:; de escavações os cuidados de um cie nt ísta sagaz e meticuloso. Só assim ter ia êle conseguido r esultados positi– vos e extraor dinários, que levaram seu nome ao r espe ito d.'l erudição universal. Deu-se então, um fato in espe rado. Schliemann abrindo galerías horizontais na encosta da co-

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