Revista da Academia Paraense de Letras 1952 (Janeiro v2 ex2)

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS igualavam à inteligência mais ativa na arte da guerra, mul– tiplicava com a sua energia indomâvel, os meios de resisten– c.ia , - a ponto, de desanimar sériamente o inimigo. Na Côr– te troiana as mulheres bravamente, encorajavam a ação dos guerreiros. A rainha Recuba, Helena, por quem fora desen– cadeada a guerra ; Cassandra e Polixêna, filhas de Priámo e Andrómaca, esposa de Heitor, 1:ôdas eram incansáveis na sua dedicação e ajuda. Helena, cada vez mais amorosa, heróica e varoníl, era por sí só, um precioso elemento moral de coad– juvação aos combatentes. Por isso lembro os versos do prín– cipe dos poetas brasileiros : "Mais que armas, porém, mais que a batalha Mais que os incendios, brilha o amor que ateia O ódio, e entre os povos a discordia espalha ; Ésse amor, que ora ativa, ora asserena A guerra, e o heróico Páris encadeia Aos cirvos seios da formosa Helena ... " Querendo-se saber a proporção de soldados de cada lado, basta lêr a descrição em que Homero diz : - ''se houvesse um banquete em que cada grupo de dez gregos fosse servido por um troiano, ainda sobrariam outros tantos números de gregos sem ter quem os servissem. Ésses heróis no decorrer da contenda, iam um por um, desaparecendo, deixando as suas mortes, sulcos dolorosos na tragédia. Um dia, os troianos choravam a morte irreparável de Heitor, de quem disse seu rival Aquiles: "Se vivo fosse, Troia sería invencível". Aquíles ferido no calcanhar por uma 1lechada de Páris, por sua vez era suprimido da luta, dando a sua morte motivo a que se criasse o "slogan", de que um guerreiro podia ser muito temeroso, mas tinha sempre o seu "calcanhar de Aquíles". Assim, a Parca ia roubando na peleja, os mais destaca– dos heróis. Descoroçoados, depois d e uma luta de dez anos, já tratavam os gregos de reembarcar nas suas náus, de re– gresso à pátria, deixando a adultera Helena ficar na sua nova pátria troiana, já viúva de Páris, e casada com o irmão dêste, Deifobos, quando Odisseus, - o Ulisses da Mitologia, - concebeu, pois que a surpresa é a melhor solução das vi– tórias, - o ardíl da construção dum cavalo de madeira, em cujo ventre se escondesse vultoso número de guerreiros. O cavalo foi abandonado na praia, e os gregos, simulando uma retirada geral, dirigiram as suas embarcações em rumo do mar alto. Os troianos, com a fuga dos inimigos ficaram embriagados pelo triunfo e tomaram o cavalo de páu, como um presente dos deuses. Porém, como êle era grande de mais para passar no portão da cidadela arrebentaram as muralhas, cometendo com isso o seu maior êrro ! Quando foi à noite em que os guerreiros troianos se banqueteavam em libações copiosas, estando já meio cégos pelos vapores dos vinhos vão cautelosamente saindo da bar– riga do "cavalo", os melhores combatentes gregos, perfeita– mente armados. Um dêles conseguiu levar um facho incen– ói~do à praia, como sinal combin!\do, e os J;>retensos tusiti-

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