Revista da Academia Paraense de Letras 1950

88 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS momento em que, para grande satisfação nossa, aqui vos encon~ra.!5,,_ como expoentes máximos das letras paraenses, eu vos peço_ pernussao, para relembrar a figura eminentemente sacrosanpa_ daqueles velhos. monges, que, durante a longa jornada da Idade Media, recolheram-se. eontritos ao recanto sombrio mas piedoso dos seus claustros, no fundo.– silencioso dos seus mosteiros. E enquanto lá fóra, em um como que apavorante oceano re':o;to,. rugia, cega e devastadoramente, o trem~n?o vendaval ~as_ pa1xoes. humanas lá dentro sem ódios e sem glad10s, sem blasfem1as e sem sangue, quando já ~e vislumbravam ao longe os imens?s clarões dos; albores da Renaseença, os velhos mcnjes, abraçados a Cruz, ~ua~– davam com sublime abnegação, até seu último suspiro, a refulgenc1a . divina da sua crença, o facho imperecível da sua fe. Assim deveis fazê-lo, também. Em vossa luminosa vida acadêmica - certas vêzes, é bem verdade, dilacerada por duros dissabores - analisai sem prevenção e aceitai, se bem o merecer, o esforco intelectual da mocidade, amante da re– novação no mundo contemporâneo e tão agitado das letras, mas cul-· t ivai, com continuado desvelo, sem desfaleeimento, e conservai, antes:. de tudo, como se fôra um.a insubstituível e inapreciável relíquia, a gloriosa religião do passado literário. Continuai na senda a que v-0s traçastes e que ora comemorais; prossegui no cam;nho refulgente que eonduz da Luz à gloria; da ab– negação ao triunfo; das misérias da vida ao santo e luminoso acon– chego dos sepúlcros; das incertezas do futuro à memória inapagavel dos antepassados. Ante a ameaça, pois, que se nos depa,ra nos dias frementes, que– ora decorrem - terríveis prenuncias da vitória da matéria bruta e esmagadora sôbre as belas e puras criações do espirito clássico, - recebei, por meu intermédio senhores aeadêmicos, o abraço fraternal . dos consócios do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e aceitai, por fim, e_sba; 1;1ossa invocação, a de todos aquêles que nesta casa fa– zem· d'.1 Historia mi:1- culto e do Pretérito, um sal!erdócio: pugnai pelo~ vosso ideal com a frrmesa beneditina dos velhos monjes da Idade Mé-– rl.ia , ~e que há pouco vos falei; e ante a conciência hwnana, que não _perdoa nunca a pouc•a Fé, preferi, como êles, mil vêzes suc·umbir a ter de resguardar para a Posteridade, uma instituição sem raízes no .Passado, uma Academia sem tradições. Juntamente cc,m o nosso apelo, eis aqui -as nossas saudações. Sêde, pois, bemvindos, senhores acadêmicos. ACAD:il:MICOS HONORARIOS _ Prtenceram à Academia como– .seus m.embros efetivos, sendo hoje honorários perpetuas, por have– rem m.udarlo definitivamente de residência: Gildasio de Oliveira, Tei– xeira de Lemos, Severino Silva, Flexa Ribeiro; J. Amando Mendes, ~ Guilly Furtado Bandeira, todos da fase de 1913; Oswaldo Orico, Al– cides Gentil, João da Costa Palmeira, D. Antonio Lustosa, e. Paula_ Barros, Corrêa Pinto Filho e lsmaelino de c astro, da fase iniciada. em 1938. i 1

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