Revista da Academia Paraense de Letras 1950

86 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Saudoção / a Academia Poraense Por ocasião da recepção, promovida pelo Instituto His– tórico e Geográfico do Pará, em homenagem à Academia,.. em seu cincoentenário, o sr. tenente-coronel ·Mário da. Silva Machado, orador do Instituto, proferiu a seguinte-. bi;ilhante oração : Exmo. Sr . Dr. Presidente .da Academia P.araense de Letras– Senhores Acadêmicós. Bosquejando, com refulgente mestria, o harmonioso e impressio– nante perfil literário da Condêssa Iv'".i.athieu de Noailles, Péricles Mo-• rais, o cintilante beletrista de "Legendas & Aguas Fortes", e, sem. favor, um,a das mais altas expressões mentais da Amazônia, teceu.. estas preciosas considerações: "Os seus retratos parecem definir um momento de sua obra .de:. surpreendente beleza, sem dúviàa de valor desigual, mas com a vir– tude de ter enriquecido o patrimônio e a glória literária de seu pais. Einbora correndo-lhe nas veias o sangue romano e o sangue gre– go, a poetisa nasceu e educou-se em Paris, viveu na França desde o alvorecer da vida e procurou de preferência ambientar-se sob o ca-· lor e w; claridades da literatura francesa. Foi ela, sim, senhores, essa excelsa princesa da sensibilidade, dO-– ritmo e também da volúpia humana, quem conferiu a uma das_ suas.. mais reputadas c.riações sentimentais a ma ravilhosa denominaçao de. "Honneur de Soufrir", a Honra de Sofrer, livro de descrença e de re- – nuncia, que parece o ponto mais elevado a que alçou o seu espirito" . Pois bem, minhas senhoras. Meus senhores. Acodem-me à memória a obra e a personalidade ilustre da insigne.– Condêssa de Noailles nesta hora tormentosa por que passa o mundo,, talvez o momento mais cruciante do século que decorre. Tão áspera é a etapa ora atingida pel!a humanidade cristã e tão, cruenta_ a jornada a prosseguir, que todos os homens de sen~iment?•·· -1C1Ue vem na emoção não apenas um mero abalo moral, porem mui– to mais do que isso, uma sublime virtude do coração - só têm uma. direção a seguir na t01mentosa encruzilhada dos sombrios destinos . humanos ~ a da longa e dolorosa estrada da piedade e da resignação•. Na verdade, são hoje bem dUNlS as contingências da vida, cheia . de escolhos, marg,inada de abismos . Tão ameaçadores e incertos são os dias de amanhã ,tão tenebro– sos se nos apresentam os horizontes do mundo ocidental, tão tre- – mendo-s os prognósticos proferidos nêste instante fatal para a His– tórila, que o desânimo se apodera até dos mais resolutos e a inação~ como que ameaça paralizar até mesmo as atividades mentais dos. homens de coração. Estamos, todos o percebemos, às vésperas de deflagar a mais for- – midavel hecat ombe mundial. Marchamos, a passos céleres, para a ·destruição, caso não a im- . peçam iamda a tempo os homens de bôa vontade. ·· -

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