Revista da Academia Paraense de Letras 1950
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 81 do velho drama d:> seringai. Mi- 1hares de homens vieram do sul, do sertão nordestino e do litoral ma– ritimo, tangidos pela miragem do vel<x:in'.) negro da borracha. Aqui sofreram horrores, sem que as me– didas salvadoras que se anuncia– vam conseguissem, efetivamente, impedir a repetição da angústia tremenda dos anos de servidão no~ barracões selvagens das zonas do "látex". Ninguem enriqueceu. nem, talvez, os proprietários de sel'in– gais, onerados por pesadas hipoté– cas e empréstimos, lutando, pelo imprevisto da necessidade que :.i guerra creára, - com a inutiliza– ção das plantações orientais, - pa– ra aumentar ao máximo a prr.du– çf.o da borracha, sem olhar o ho– mem que saia, todas as manhãs a palmilhar as "estradas" de seri'n– gueiras entre perigos de toda es– pécie. A escritora "yankee" é eucJidea– na em. certos trechos de seu ex– plêndido trabalho, sobretudo quan– do reproduz, em lances h~róicos, a dôr física e espiritual dos homens, báirbaros ou civilizados. que se dei– xaram empolgar pela fascinação do ouro negro ou que por sua culpa fôram escvavisados. A parte do livro de VICKI BAUM que mais nos interessa é a referen– te à Amazônia. Não deixa de ser uma vitória a sua atraente narra– tiva de nossos hábitos e costumes, desde o sécuio XVIII, quando apre– senta quadros fidelissimos, notada– mente para um escritor estrangei– l'O. Destramente. com muito brilho e habilidade, a autora nos oferece cenas de uma perfeição concreta, retratando tudo com a clareza me– ridiana ou o espírito mediterrâneo de um latino. E' leve, cristalina e sonora a sua imaginação, dando-nos páginas muito exatas sôbre a Amazônia e panorama e o amazônida. O ângu– lo de sua me&talidade saxônica. pesada, fria e prática, aparece nci entrecho, quase adequado à cine– matografia, das experiências sobre a borracha sintética , na Alemanha e nos Estados Unidos. E' nêsse nonto. •al'ás. o final do seu traba– lho, que VICKI BAUM nos desper- 1Ja para o problema econômico da borracha natural "versus" borracha sintética. Valerá a pena plantar seringueira? Teremos preços, mer– cados ou aplicações para a borra– cha nativa em face de um produto artificial barato e ca-paz de ser f~– bricado em qualquer pais que te– nha petróleo? Eis a grande, a pe– rigo.,a. a temerosa intPr.rogação de VICKI BAUM em seu livro. Traduziu "The Weeping Wood" o sr. Othon M. Garcia, que bem po– dia ter melhor auxiliado a autora, notada.mente na parte amazônica_ que parece não conhecer com pro.: fundidade. Assim deixou passar um "Manáus" por "l'vianôa" (pag. 31), na lenda do Eldorado; um "Pauxit" (eomo escrevia. o francês mr. de la Condamine) por "Pau– xy", que era o nome indi!5ena cl? aldeiam.ento que deu origem a atual óbidos (pag . 45) ; um "For– te Precipio" (pág. 49) em Belém, por "Forte Presépio" - ou do Cas– telo - que é a denominação colo– nial da fortificação funda.da por Castelo Branco em 1616. A pa.g. 90 a escritora. confunde a "Trasladação". procissão notur– na realizada. à vespera do Cirio de N. S. de Nazaré com o próprio Ci– rio en gano que 'o tradutor poderia ter' fácilmente corrig:do. Mais adi– ante à página 103 contando a la– buta' do seringueiro, a aut ora assi– nala ai "c·uia.s de barro" para a co– leta do leite da árvore, envez de ti– elinhas de folhas de Flandres ou cuias veget ais, estas usadas · por exceção. A página 113, fala-se em •·meio tostão". expressão que nunca se generalizou no Brasil, assim co– :no "chaminés de coz:nhas", em ta– bas indígenas (página 126) . o que ~ poE"itivamente uma p ilheria de máu gôsto .... Não se está cuidando a qui de crítica literária, é evidente. pois .1ão é êsse o objetivo do articulista. Apenas. uma apreciação. a grcs.so modo, sôbre "A árvore que chora•·,
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0