Revista da Academia Paraense de Letras 1950
80 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS O ROMANCE DA. BORRACHA VICKI B;A-UM escreveu recente · nado a borracha, sem as graves:. mente a biografia da borracha. 1 perdas em homens e material que "The Weeping Wood" alcançou · nos têm sido impostas. sucesso na América, sendo agora O lado dramático da conquista.. traduzido para o português, por da goma elást ica, no Brasil e nas. . iniciativa da Livraria do Globo, Indias, é narrado magistralmente cpm o título "A árvore que chora". por VIC'KI BAUM, que revela O· Abrangendo dois séculos de nar- profundo conhecimento que .adqui– rativa, em p:a:íses diferent es e c0m riu para documentar "The Weeping_ inúmeros personagens, o livro n ão :w cod". Lá estão todas as tragédias seguiu costumeira técnica literária j àos ind;os brasileiros, dos primei– de "imaginar uma farrúlia e deixa r I ros sonhadores da borracha, dos, que as gerações seguintes fôssem flagelados pelas secas do Ceará, dos seguindo o seu curso" à manei,a 1,eringueiros dos "ar igós" e da pró-– de Thomas Mann. como a própria pria "árvore que chora". São des– autoria. obs erva. Não é um romance /cr lções notáveis da natureza · e dos rigorosamente histórico, d e n t r o homens da Am.a.zônia, no entrecho-– dessa classiftcação literal; porém . !que brutal à conquis ta da riqueza . apresent a fatos ver idicos e exatos, Todas a s misérias e grandezas do– com figuras que exi,stiram. a par de ciclo do ouro negro ,em seus múl– nomes e episódios meramente fie• ,tiplos aspectos, em Belém e .Ma- ticios. náus nos rios mist eriosos e nas.. 'Essa singular idade dá um movi- matas traiçoeiras, nos barracões e mento muito curioso à obra d.a au - no "centro", a febre, a fome, o sexo, tora de "Hotel Ber lim". pois o lei- 1 a final, são trabados indelevelmente~ t or muitas vezes n ão consegue se-. com a segurança de quem já per– parar o real do fantástico. impedi- lustrou a Amazônia e sofreu s1,1asc do que está de delimitar a rigor as ciladas douradas. zonas históricas das regiões imagi- Bem disse Earl Parker Hanson... n a tivas. escrevendo sôbre a Amazônia Inf el;zmente . a verdade é. nêsse , quando afirmou que o El-dorado– livro. tanta vez inacreditavel, tal existe realmente. Existe como idéia, o absurdo dos a contecimentos . qu~ como at itude mental O homem o observador desavisado h á -de se n ão cultiva a terra , sôfrego no va– emba raçar forçosamente nas fron - rar a selva em busca das riquezas. t,eiras onde n criação literá r ia rtá extrativas . Com a quéda dos pre– lugar à história. ços, arranchia. tristonho e desespe- Somos n ós da Amazônia o novo rado em cualquer "tapirv" r ibei •. da borracha. o fenômeno eêonômi- rinho plan ejando r egressar RO co da "hevea" ainda é um perma.- Ceará' a Belém ou Maná us . Toda– nente problema que nos atrela ao via uma ch amazinha aquece-lhe o . moroso c~ ro de seu rlesenvolvi- peito na espe1.1M1ça <!e uma inespc– m ento . Nao podemos obter uma li- rada subida de cotaçao. A conversa..c. ber tação absolut a dêsse .iugo aue se •é a borracha, a castanha . .. Há. im pôs desde o século XIX e que (• 1 guerra na Europa? Tanto melhor· hoje. uma expressá.o de dom inio d ~ 1 para n ós : vão precisar de borracha! difícil solução para a nossa econo- J Tudo se anima , os planos de "des- nua . 1 cida" dão lugar às "subidas" de- . Os ensin amen tos colhidos nas sordenadas em busca dos altos se– famosas plan t ações inglêsas e ho- 1 1 ringais virgens e ricos em goma e,. landêsas do Oriente somente agora o homem retorna à escravidão te– estão sendo praticados no Brasil; ' n ebrosa da selva sempre com a . eom a execução completa dêsse alucinação da foi-tuna . plano, en tão, sim, t eremos domi- 1 Aca bamos de presenciar a reprise-
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